La Biennale di Venezia é um marco global na celebração da arte, arquitetura e inovação. A recente nomeação do arquiteto Carlo Ratti como curador da Bienal de Arquitetura 2025 promete suscitar reflexões sobre o futuro da inteligência artificial (IA) na arquitetura e no urbanismo. A sua abordagem inovadora integra milhões de dados produzidos todos os dias nas cidades para mapear, visualizar e reinventar os espaços urbanos, criando expectativas em torno das tecnologias que estão a remodelar os espaços onde vivemos.
Como sublinhou Ratti na sua declaração, “Nós, arquitetos, tendemos a acreditar que possuímos inteligência, mas a verdadeira sabedoria está dispersa por toda a parte. Está na engenhosidade desencarnada da evolução, no crescente poder dos computadores e na sabedoria coletiva das massas. Para enfrentar um mundo em constante mudança, a arquitetura deve aproveitar toda a inteligência que nos rodeia”.
Na curadoria da Bienal de Arquitetura de Shenzhen, em 2019, a questão central foi o papel dos sensores, sistemas e redes como elementos intrínsecos ao tecido urbano, que transformam a relação das pessoas com a arquitetura e o espaço físico, ou seja, procurou responder à pergunta “como nos relacionamos com o espaço urbano quando os edifícios que concebemos e construímos começam a reagir à nossa presença?”.
Na era do ChatGPT, os bots visuais expandem a compreensão do mundo físico, exigindo a adoção de uma abordagem crítica e consciente para maximizar o potencial da IA na defesa de uma perspetiva humana, para além dos algoritmos. A questão de Ratti para 2025 parece ser: “como equilibrar a inovação tecnológica com a ética e a responsabilidade social?”.
Nos seus estudos mais recentes, a IA visual está a chegar aos nossos bairros, revelando-nos muitos aspetos do perfil de um bairro, incluindo a pobreza, a criminalidade, a mobilidade, os valores imobiliários e a saúde pública. Embora a IA possa otimizar processos, também suscita questões sobre a privacidade, a segurança e a influência da automação. Encontrar o equilíbrio entre a eficiência da IA e o respeito pelos valores humanos é a chave para o futuro da humanidade.
A IA pode criar espaços mais inclusivos e acessíveis para pessoas com diversas capacidades físicas e cognitivas. Também pode ser uma aliada poderosa na construção de edifícios energeticamente eficientes e na redução do impacto ambiental da construção. Contudo, a implementação responsável da IA na arquitetura requer considerações cuidadosas para preservar os valores humanos no ambiente urbano.
A Bienal de Arquitetura 2025 será, assim, um palco essencial para explorar e compreender de que forma a IA irá moldar o futuro das cidades. Será uma oportunidade para apresentar soluções inovadoras e refletir sobre os desafios éticos, sociais e ambientais no cruzamento entre tecnologia, arquitetura e as pessoas que habitam as cidades.