Num país onde a confiança no sistema judicial se esfarela como um castelo de areia, eis que se avizinha um novo ano judicial. Será 2025 o momento em que a justiça portuguesa finalmente se erguerá das cinzas da descrença popular?

Os holofotes da nação convergem para os julgamentos do século – BES e Sócrates – numa dança macabra que testará os limites da credibilidade do nosso sistema judicial. O desfecho destes processos não é apenas um veredicto: é o futuro da fé dos cidadãos nas instituições que está em jogo.

Uma lufada de ar fresco ou mais do mesmo?

Mas eis que surgem réstias de esperança no horizonte. Um novo Procurador-Geral da República promete varrer a poeira acumulada.

O Conselho Superior da Magistratura, numa demonstração de vigor, cria grupos de trabalho especializados e implementa tecnologia de ponta. Será isto suficiente para desatar o nó górdio da morosidade judicial?

No caso BES, um sistema de apoio aos juízes promete revolucionar a gestão de megaprocessos. Mas cuidado: já vimos este filme antes. Quantas vezes a tecnologia prometeu salvar-nos, apenas para se tornar mais um obstáculo burocrático?

 A Advocacia: parte da solução ou do problema?

E a Advocacia? A nobre arte de defender o cidadão!

É hora de os Advogados se erguerem e lutarem não só pelos seus clientes, mas pela sua própria dignificação. Chega de ser o bode expiatório do sistema judicial! É imperativo que os Advogados se tornem parte da solução, não mais um tijolo no muro da incompreensão.

Que os Advogados sejam faróis de competência técnica e ética profissional, iluminando o caminho para uma justiça verdadeiramente ao serviço do povo.

O desafio persiste

Não nos iludamos: o caminho é árduo e sinuoso. A justiça portuguesa ainda navega em águas turbulentas, entre escândalos financeiros e cartões vermelhos nos relvados. Só com resultados palpáveis, transparência cristalina e uma justiça verdadeiramente cega às diferenças sociais, poderá o sistema reconquistar a confiança há muito perdida.

A hora da verdade

O ano de 2025 promete ser um ponto de viragem. Com novos recursos, tecnologia de ponta e uma geração de magistrados mais bem preparada, talvez estejamos no limiar de uma nova era para a justiça portuguesa.

A esperança renasce, mas o veredicto final caberá ao implacável tribunal da opinião pública. Será que, desta vez, a justiça sairá absolvida ou continuará condenada ao descrédito?

Num mundo ideal – e eu ouso acreditar que podemos chegar lá – a justiça voltará a ser administrada em nome do povo, e o povo voltará a acreditar na justiça. Mas para isso, é preciso não desistir. Nunca!