[weglot_switcher]

EUA: afinal, Pete Buttigieg não resistiu às pressões para desistir

Os apoiantes de Joe Biden insistiram em que os candidatos menos bem colocados regressem a casa para que os seus apoiantes engrossem as fileiras centristas contra o ‘esquerdista’ Bernie Sanders. Apesar da promessa em contrário, Buttigieg acabou por cumprir a ‘ordem’.
Flickr
2 Março 2020, 09h19

A vitória do candidato Joe Biden na Carolina do Sul está a mudar o figurino das primárias democratas e os principais nomes querem que os menos cotados comecem a regressar a casa quanto antes para que a concentração de votos deixe mais claro quem será o opositor a Donald Trump.

O milionário Tom Steyer, que obteve o terceiro lugar na Carolina do Sul, com 11%, desistiu na noite de sábado, mas Pete Buttigieg – que teve um desempenho ainda pior, 8% dos votos para 48% de Biden e 20% de Bernie Sanders e era espécie de candidato-surpresa – pretendeu resistir. Por pouco tempo: ao início da noite de ontem, e segundo o The New York Times, Pete Buttigieg, ex-autarca de South Bend, Indiana, decidiu terminar a sua campanha para a nomeação como candidato do Partido Democrata às eleições presidenciais norte-americanas de Novembro.

Buttigieg, que foi o primeiro candidato presidencial norte-americano de primeira linha abertamente homossexual, terá concluído que o reduzido número de votos alcançados junto do eleitorado afro-americano na Carolina do Sul sinalizou a impossibilidade de conquistar uma base eleitoral diversificada.

Mas o peso do ‘pedido’ dos apoiantes de Joe Biden parece ter acabado por ser encarado como uma ordem para que o Partido Democrata se apresse a apresentar uma alternativa a Donald Trump e ultrapasse rapidamente a fase do ‘todos contra todos’ – como se tem visto nos debates entre candidatos – que só serve para deixar o atual presidente a salvo da contestação ao seu desempenho.

Pete Buttigieg ainda tentou resistir: “Todos os dias que estamos nesta campanha é um dia em que chegamos à conclusão de que avançar é a melhor coisa que podemos fazer pelo país”, insistiu, num programa da televisão NBC. Mas tudo isso já faz parte do passado.

Jor Biden era o candidato mais interessado em que Buttigieg desistisse o mais rapidamente possível, para que os seus apoiantes venham engrossar as fileiras dos que, votando em Biden, não querem que o partido se aproxime da esquerda representada por Sanders. É isto, pelo menos, o que pensa a entourage de Biden – candidato que ainda tem muito para correr até poder chegar à posição de opositor a Trump.

Alguns observadores e personalidades do partido pediram que outros candidatos moderados – incluindo Amy Klobuchar e Michael Bloomberg – saiam da corrida para limpar o campo de Biden na tentativa de negar a indicação a Sanders. “Acho que a coisa mais importante agora é analisar o que podemos fazer para garantir uma campanha que encerre a presidência de Trump”, disse Buttigieg, descartando a hipótese de, para já, desistir da corrida.

“Onde quer que eu vá, os americanos estão focados em garantir não apenas melhores políticas, que virem a página de todas as coisas que Trump está a fazer ao nosso país, à nossa democracia, mas também em seguimos em frente, e esse continua a ser o meu foco”, afirmou

Entretanto, Joe Biden já desmentira estar a fazer qualquer tipo de pressão sobre seja que candidato for. Falando na CNN, Biden disse que não teve nenhuma conversa com outros candidatos sobre a necessidade de desistirem e apoiá-lo. “Acho que será uma decisão para o resto dos canditdatos tomarem à medida que avançam”, disse.

Mas insistiu: “acho que todos sabem que será muito mais difícil reconquistar o Senado e manter o controlo da Câmara se Bernie Sanders estiver no topo da lista. Mas essa [a possibilidade de desistirem] é uma decisão deles, e acho que isso se resolverá a curto prazo”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.