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63 personalidades portuguesas recordam a Guterres o drama do Sahara Ocidental

Personalidades enviaram uma carta aberta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, pedindo-lhe para replicar a experiência de Timor Leste no Sahara Ocidental. Na década de 1980, a Frente Polisário tinha grande apoio em Portugal.
António Guterres
23 Março 2020, 18h10

Mais de 60 personalidades portuguesas incluindo Ana Gomes, André Freire, António Garcia Pereira, Arménio Carlos ou Boaventura Sousa Santos endereçaram uma carta-aberta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em que recordam a questão do litígio político que persiste há várias décadas no Sahara Ocidental.

“Vivemos num mundo em turbulência, e a questão do Sahara Ocidental parece ser só mais uma, entre muitas. No entanto, o povo saharauí mantém a exigência de decidir o seu futuro, e o Direito Internacional é inequívoco”, afirmam as e os subscritores. “O custo humano – bem como político, económico, social, cultural e ambiental – destas mais de quatro décadas de impasse é indescritível”.

A questão do Sahara Ocidental foi durante muitos anos um tema importante em Portugal – nomeadamente a seguir ao 25 de Abril – numa altura em que a Frente Polisário esteve muito ativa no território nacional.

Criada em 1973 para combater a ocupação espanhola no antigo Sahara espanhol, o movimento prosseguiu depois de 1975, quando a Espanha deixou o território mas cedeu uma parte dele a Marrocos e outra à Mauritânia. A Mauritânia acabou por retirar-se do Sahara Ocidental em 1979, mas o reino de Marrocos nunca o fez. A Frente Polisário mantém-se ativa desde então, sendo considerada um grupo terrorista pelo regime marroquino.

Nos anos 70 e 80 do século passado, e face à presença de responsáveis da Frente Polisário em Portugal, a fronteira marroquina tentava impedir a entrada no país de portugueses que de algum pudessem ser apoiantes da causa saharauí,

Ao reconhecer “a contribuição fundamental” de António Guterres “para a solução do caso de Timor Leste” e o “papel das Nações Unidas nesse processo”, os subscritores da carta afirmam esperar que a ONU possa voltar a fazer a diferença, “ao empenhar-se decididamente na negociação que leve as partes a acordar na realização de um referendo livre e justo à população saharauí, de acordo com o recenseamento já realizado”.

Neste sentido, as “cidadãs e cidadãos portugueses e do mundo” dizem ao secretário-geral que ele “pode contar com todo o apoio e capacidade de mobilização de quem acredita que é nos momentos difíceis que o esforço, a criatividade e a perseverança nos princípios nos distinguem.” A iniciativa tem a chancela da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental.

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