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70% dos condutores europeus admitem mudar para elétricos

Inquérito europeu divulgado pela Nissan revela que sete em cada dez automobilistas considera que o seu próximo carro será elétrico. No 10º aniversário do Leaf, a Nissan lança o SUV elétrico Ariya.
15 Maio 2021, 10h20

“70% dos condutores europeus admitem que o seu próximo carro será elétrico”, antecipa a Nissan, com base num recente inquérito europeu. Além disso, adianta, “97% dos condutores de Veículos Elétricos (VE) estão muito satisfeitos com a sua experiência de condução”.

Com esta informação, a Nissan – sexta marca automóvel a nível mundial, em 2020, segundo a consultora Focus2Move – tem expectativas positivas sobre o futuro dos VE, sendo uma das marcas líderes neste segmento automóvel.

Além da comercialização da segunda geração do Leaf – um VE que completa agora 10 anos –, entre as novidades que o construtor automóvel nipónico prepara para 2021 está o lançamento do VE da próxima geração da Nissan, o novo crossover Ariya que integra o segmento da mobilidade inteligente, dispondo de motores duplos, com versões 4X2 e 4X4, baterias de 63 kWh ou 87 kWh e uma autonomia que pode chegar aos 500 km.

Este é o atual state of the art industrial da mobilidade elétrica – no segmento de gama média, o que significa que os VE vão ter SUV e crossovers de alto desempenho a preços ‘comportáveis’ para a classe média, mas também terão melhores baterias (até 90 kWh) e maior autonomia (que rondará os 500 km) –, um paradigma que será acompanhado pela oferta dos grandes grupos automóveis mundiais, enquadrando neste nível os produtos de gama média que serão lançados nos mercados a curto prazo (ver texto à direita).

100% elétricos até 2030
Talvez seja por isso que a Nissan anunciou recentemente o seu novo marco em direção à neutralidade de carbono: quer ter disponíveis até ao início de 2030 modelos 100% eletrificados em todos os novos veículos Nissan comercializados nos principais mercados em que está presente.

Esta certeza, anunciada pelo seu CEO, Makoto Uchida, tornou-se óbvia desde janeiro de 2021, quando a Nissan divulgou que até 2050 alcançará a meta da neutralidade de carbono aplicável em todo o ciclo de vida do veículo, incluindo atividades das suas áreas de negócios. Assim, reafirmou o seu foco global no combate às mudanças climáticas.

No entanto, a estratégia da Nissan para a mobilidade elétrica é uma das faces da produção industrial do seu grupo internacional, porque a outra face é sustentada pela presença massiva na produção de automóveis convencionais da marca Datsun, com a qual tenta disputar um dos maiores mercados a nível mundial: o da Índia. Com presença corporativa online através do site www.datsun.co.in, a Nissan pretende conquistar a Índia com o utilitário “Go”, sobretudo na sua versão de sete lugares do “Go+” – “the most affordable 7 seater in India”, como refere a Datsun.
Trata-se de uma luta industrial bem diferente da estratégia que a Nissan tem mantido no mercado dos VE, sobretudo na Europa. Na Índia, a competição é travada com a Maruti Suzuki, com a coreana Hyundai e com a Renault, apesar desta última ser parceira de aliança industrial da Nissan.

A mesma batalha também é travada em outros mercados de grande dimensão, como a África do Sul, onde está presente com a www.datsun.co.za; a Indonésia, onde a www.datsun.co.id lançou agora o “Datsun Cross”; a Rússia, onde a www.nissan.ru/datsunsupport.html tem em curso a campanha do “DO” e, ainda; o Cazaquistão, onde está presente com o www.datsun.com.kz – um mercado difícil de aceder pela internet a partir da Europa, porque geralmente é bloqueado pelos padrões de segurança da internet que vigoram no Ocidente.

O desenvolvimento conseguido pela Nissan ao longo dos 10 anos que marcam a tecnologia do modelo elétrico Leaf, que foi um dos primeiros VE com características de mass-market – e que já vai na segunda geração, utilizando baterias com capacidade de 62 kWh –, na realidade tem sido sustentado pela diversificação geográfica do seu grupo, que relançou a marca Datsun, focada na produção industrial de automóveis convencionais, com motores a combustão, em mercados de muito grande dimensão.

Também é verdade que a Nissan fez um percurso inovador nos VE, mas sem descaracterizar a essência dos seus veículos, marcadamente desportivos, onde se destacam dois ícones da indústria automóvel mundial, o GT-R e o Z, que concentram igualmente a “alma” da Nissan, como explicou recentemente o diretor de design da marca, Shinichiro Irie, destacando a “assinatura” das luzes dianteiras e traseiras do modelo conceptual Z Proto, bem como todo o traço da sua silhueta lateral, desenhado ao longo do tejadilho, reproduzindo a katana tradicional japonesa. Por maioria de razão, a Nissan faz uma aposta forte no desporto automóvel, mas com veículos de emissões zero, no Campeonato do Mundo de Fórmula-E ABB FIA 2020/21.

É por isso que no sector automóvel o CEO da Nissan, Makoto Uchida, personifica a mobilidade elétrica acessível à classe média, mas também o desporto automóvel de “emissões zero” e a manutenção de ícones desta indústria como são o GT-R e o Z.

A par do sucesso no desenvolvimento dado ao projeto dos VE nascidos no grupo Daimler-Benz – posteriormente autonomizados sob a marca Tesla, seguindo a estratégia do empresário Elon Musk, CEO da Tesla –, a Nissan tem vindo a destacar-se como fabricante de VE de mass-market, consolidando vendas num segmento que não se confunde com os êxitos obtidos por outros VE de luxo.

A nipónica Nissan soube que consolidou a sua marca na corrida do VE, desde setembro de 2020, quando ultrapassou a meta da produção de meio milhão de unidades do modelo Leaf – o veículo 500.000º foi fabricado nas linhas de produção de Sunderland, no Reino Unido –, destacando o exemplo de taxistas de Paris, como o caso de Fabien Verbrugghe, que há 10 anos trabalha com a tecnologia do Leaf.

 

Leaf ultrapassa Bluebird
A Nissan recorda que a produção historicamente mais marcante da fábrica de Sunderland foi a do modelo Bluebird, que totalizou 187.178 unidades fabricadas entre 1986 e 1990, sendo necessário, no auge da produção deste modelo convencional, mais de 22 horas de trabalho para fabricar cada Bluebird. Atualmente, volvidos 31 anos sobre a descontinuação do Bluebird, a mesma fábrica produz cada Leaf em apenas 10 horas. O Nissan Leaf é fabricado em várias fábricas, mas só na unidade de Sunderland já foram produzidos mais de 195 mil Leaf, ultrapassando o total de unidades do histórico Bluebird fabricadas em Sunderland.

O vice-presidente da produção da fábrica da Nissan em Sunderland, Alan Johnson, comentou a propósito que o facto do volume de produção de “Leaf ter superado o dos Bluebird, mostra como a inovação e os processos de fabrico evoluíram com o avanço da eletrificação”.

No mundo dos VE, fortemente focado na cibersegurança, o exemplo da fábrica da Nissan em Sunderland é paradigmático: em 1986 empregava 430 trabalhadores no tempo do “Bluebird”; atualmente emprega 6.000 trabalhadores, dos quais 19 começaram em 1986 e hoje continuam lá, a fabricar os elétricos Leaf, que já levam o palmarés histórico de terem sido eleitos Carro do Ano em 2011, na Europa, no mesmo ano em que o Leaf também foi eleito World Car of the Year. E ainda foi Carro do Ano no Japão em 2011 e 2012.

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