A implementação da 6ª Diretiva será o maior desafio para as entidades financeiras (EF), pois os atuais mecanismos de PBC/FT que possuem terão que ser redesenhados e/ou, até mesmo, criados para acomodarem todas as alterações e recomendações, mas será necessário ter cuidado para não cair na tentação de criar uma mentalidade demasiada avessa ao risco.

Para evitar que as EF se sintam reféns de si mesmas e dos processos implementados, será necessário garantir que as políticas de governance sejam bem definidas e aplicadas nas várias áreas expostas ao BCFT, harmonizando a comunicação entre si e, garantir o alinhamento com a visão estratégica da entidade. Tal poderá ser atingido se o foco estiver na materialização de processos “ad-hoc” desenvolvidos em silos, através do investimento numa estratégia de digitalização transversal.

Depois de estar tudo implementado com o apoio dos vários stakeholders, o contínuo acompanhamento passará também pela formação dos restantes colaboradores, garantindo desta forma que a estratégia da entidade é transversal e, assim, prevê-se evitar que possam existir possíveis ameaças à reputação da entidade por desalinhamento de certos colaborares. O Risco Reputacional causa, cada vez, mais e maiores perdas de negócio, daí ser importante um bom planeamento e procurar as soluções mais adequadas às entidades para que, o primeiro semestre de 2021 seja dedicado à implementação da estratégia já definida e testada e não, ao desenho da mesma.
Com o passar dos anos a tarefa de um Chief Compliance Officer (CCO) tem vindo a aumentar o seu grau de exigência, pois já não basta ler, interpretar e aplicar a lei em vigor: é igualmente importante, antecipar possíveis ameaças futuras. O investimento em sistemas informáticos de gestão de risco, que permitam dar mais capacidades e independência à Direção de Compliance pode ser o fator chave para acompanhar todas as alterações que estamos a viver e que, já se anteveem acontecer.

Todos sabemos que ao mesmo tempo que a tecnologia evolui, os meios utilizados para cometer fraude, branquear capitais ou financiar o terrorismo, evoluem ainda mais rápido, fazendo com que todo o sistema financeiro esteja sempre um passo atrás. Inverter esta tendência só será possível se houver uma mudança de mentalidade em todo o setor financeiro e restantes entidades expostas a BCFT – este sim é, e será, o grande desafio para os próximos anos.