Os partidos conservadores europeus ainda não reconheceram a urgência do combate à crise climática e a direita deve reconhecer a necessidade imperiosa de apoiar ações contra um clima em mudança.

Fazer da sustentabilidade ambiental uma prioridade nas campanhas eleitorais e assumir compromissos que levem a medidas concretas após as eleições, devia ter sido um dos focos nos programas daqueles partidos no último ato eleitoral.

Preparar um futuro onde as novas gerações respeitem os valores ambientais e lutem pela defesa ecológica é uma bandeira que não devemos ter complexos em hastear.

As alterações climáticas assumem cada vez mais impacto sobre os mais pobres porque são os que têm menos meios e capacidade para fazer face às mesmas. Por isso, os humanistas europeus, aqueles que acreditam verdadeiramente na democracia-cristã e são ideologicamente coerentes, devem começar a ver a ecologia também como um tema de justiça social.

Um executivo com sensibilidade ambientalista oferece mais garantias na defesa da orla marítima, das reservas naturais e dos solos aráveis, mas em Portugal continua a não existir um interesse político genuíno e determinado no combate à voragem das empresas de celulose que vão envenenando a nossa água e na luta contra a criação de incentivos financeiros aos combustíveis fósseis, que vão pervertendo o nosso ar.

Aliás, o Governo português é o que mais contribuiu, o ano passado na Europa, para subsidiar empresas poluentes, nomeadamente por ter concedido uma licença para perfurar em águas profundas no Alentejo, numa área protegida e de biodiversidade assinalável.

A exigência de acordos governamentais que defendam um desenvolvimento sustentável do planeta não deve estar confinada à agenda dos ecologistas e dos verdes, deve ser uma preocupação transversal a todas as sensibilidades político-partidárias e até da sociedade civil.

Ser hoje conservador e não incluir preocupações ambientais que conciliem a necessidade de crescimento económico com a proteção do meio ambiente é estar atrás no futuro.