A China está com dificuldades em passar dum modelo assente nas exportações (procura externa) para outro em que o motor do crescimento seria a procura interna e nesse contexto houve uma aposta no imobiliário cuja situação de endividamento com uma bolha a explodir é preocupante.

Deng Xiao Ping tinha conseguido com as suas reformas evitar o modelo soviético de rígido controlo e de planeamento centralizado da economia, cujo falhanço fora evidente.

No entanto, a atual liderança está a pôr em causa, com o reforço do centralismo político e burocrático do Partido que tudo quer controlar, esse modelo de equilíbrio entre o monopólio político do Partido e uma economia descentralizada de mercado, justamente num momento em que a economia mais precisava duma combinação entre liberdade económica, espirito de iniciativa empresarial e ritmo de inovação para atingir o patamar das economias mais desenvolvidas.

E, como chamava a atenção “The Economist”, a China tinha antes em Hong Kong um excelente laboratório de ensaios para testar uma vibrante economia de mercado com os ingredientes atrás citados e também aqui a liderança chinesa está a pôr em causa o modelo.

Tudo isto está a levar a um impasse estrutural na economia que põe obviamente em causa a ambição chinesa de ultrapassar os EUA como potência económica e aguça a ambição da Índia já com uma democracia e uma economia descentralizada em vir a ultrapassar a China.

A China com a fraqueza da procura interna e a ameaça do estoiro da bolha imobiliária entrou num risco deflacionista, a que alguns já chamam a japonização da economia chinesa, levando a uma grande divergência monetária com os EUA e a UE.

Mas a China ultrapassou o Japão como grande potência exportadora de automóveis devido aos veículos elétricos (VE) bem mais baratos do que os VE europeus e americanos. Os EUA, em que apenas a Tesla está na China, começaram a taxar os VE chineses em 100% e nesta matéria estão bem mais à vontade do que a União Europeia pois que temos várias marcas alemãs a vender na China e logo a tentativa europeia de também taxar os VE chineses estará obviamente sujeita a maior retaliação.

Com Biden ou com Trump é de esperar que os EUA continuem com uma grande pressão e restrições tecnológicas e comerciais sobre a China no contexto da autêntica confrontação tecnológica e comercial entre as duas potências.