Nas últimas semanas tem-se observado o crescimento de uma crise geopolítica provocada pelos testes balísticos realizados pela Coreia do Norte e pela resposta de forte condenação e ameaça de reacção por parte dos Estados Unidos da América, do Japão e da Coreia do Sul.

O lançamento de um míssil por parte da Coreia do Norte na madrugada de terça-feira, neste caso sobrevoando o Japão, agudizou essas tensões geopolíticas e esse facto justifica uma reflexão sobre o impacto desta realidade nos mercados financeiros no imediato.

Em primeiro lugar, espera-se um aumento da volatilidade em todos os mercados, o que contrasta com a reduzida volatilidade que se observou durante este ano.

Prevê-se uma queda generalizada global dos mercados accionistas, visto este activo ser considerado um activo de risco cuja valorização depende do crescimento da economia e da estabilidade e previsibilidade do meio envolvente, o que diminuiu, acentuadamente, no presente cenário de instabilidade e incerteza de como irão evoluir as ameaças levadas a cabo por Pyongyang e Washington.

Em contrapartida, espera-se uma valorização de activos considerados seguros e de refúgio num cenário de crise, nomeadamente o Ouro e Obrigações do Tesouro de países como a Alemanha e os EUA.

Nos mercados cambiais também se prevê um aumento significativo da volatilidade, com uma desvalorização do dólar americano, continuando a tendência dos últimos meses, e uma valorização do franco suíço e do euro por serem considerados activos de refúgio e, também, do iene japonês. A valorização do iene japonês pode parecer ilógica numa altura em que o seu país está ameaçado de guerra, mas como os investidores japoneses têm grande parte dos seus investimentos no exterior noutra moeda que não o iene, a sua primeira reacção, num cenário de crise, deverá ser vender essas posições e comprar iene para reduzir o seu risco cambial e não ficarem expostos à volatilidade de moedas estrangeiras.

Note-se que a realidade actual é de extrema imprevisibilidade, nomeadamente de como continuarão a reagir os chefes de Estado da Coreia do Norte e dos EUA num cenário em que o diálogo entre ambos não existe e em que se caminha para discursos mais agressivos e inflamatórios, e/ou mesmo para manobras de confronto militar.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.