Num ecossistema empresarial cada vez mais interligado, em que a tecnologia promove a inovação e a eficiência das organizações, a cibersegurança assume um papel essencial face a um cenário crescente de ciberataques. É cada vez mais comum testemunhar ondas de ciberataques que afetam as empresas e as instituições com grande relevância económica. Este aumento é motivado, principalmente, pela eclosão de conflitos, como é o caso da guerra Rússia-Ucrânia e o conflito israelo-árabe, que catalisam um aumento nas atividades ciber e o aparecimento de grupos de hackers que exploram a situação para atinfir seus objetivos.
Os cibercriminosos utilizam diversas técnicas e ferramentas para realizar atividades criminosas com o objetivo de explorar as vulnerabilidades existentes, utilizando métodos cada vez mais sofisticados graças à integração de novas tecnologias no seu modus operandi. Entre elas, destaca-se o ransomware, um tipo de malware que bloqueia e encripta informações, exigindo um resgate financeiro para devolvê-las; bem como o phishing, e outros métodos de engenharia social, que não são mais do que métodos de engano através de email, SMS, WhatsApp, chamadas de voz, entre outros, para obter informações confidenciais dos utilizadores.
Embora estas atividades maliciosas abranjam uma ampla metodologia de ciberataques, todas elas se caracterizam por responder a uma estratégia perfeitamente orquestrada por grupos criminosos, que possuem um profundo conhecimento das vulnerabilidades dos seus alvos, o que lhes permite aumentar a sua probabilidade de sucesso no roubo de informações pessoais e confidenciais, como, por exemplo, dados bancários ou credenciais digitais.
As consequências de sofrer um ciberataque são múltiplas. Não se trata apenas do roubo de informações sensíveis ou do impacto económico, mas também da perda de confiança na organização. Além disso, a cibersegurança já não se configura como algo opcional, uma vez que o seu cumprimento está sujeito a uma obrigação legal. Assim, o incumprimento das normas de segurança pode mesmo levar à cessação da atividade da organização, sendo cada vez mais necessário o desenvolvimento de um muro de contenção para blindar a infraestrutura de ameaças externas.
De referir que, em 2023, os ciberataques aumentaram 40%, e que, especificamente os ciberataques ao setor financeiro aumentaram 53%, devido ao seu elevado potencial para obter lucros rápidos deste setor graças à sua digitalização massiva. Paralelamente, as empresas energéticas continuam a ser alvo de ataques, devido ao seu papel fundamental na garantia da continuidade dos serviços essenciais e pelas possíveis repercussões geopolíticas entre as redes energéticas de diferentes países.
No entanto, este cenário é um cenário transversal, afetando tanto grandes empresas de diferentes setores, como PME, que, muitas vezes, carecem de medidas de segurança adequadas devido à falsa crença de que a sua dimensão as torna menos atrativas para os atacantes. Porém, a sua infraestrutura de segurança torna-os alvos mais fáceis pois, na maioria das vezes, têm baixa maturidade a este nível.
Para construir ambientes com um maior nível de cibersegurança e nos protegermos desta ameaça invisível, é necessário investir em tecnologias avançadas de segurança que cubram toda a superfície de exposição da empresa através da monitorização em tempo real das ameaças e de serviços que monitorizam e respondem de forma automática aos ataques com recurso à utilização de inteligência artificial.
Além de investir em ferramentas de automação, a formação e a consciencialização dos colaboradores desempenham um papel crucial na defesa contra os ciberataques. Os colaboradores devem conhecer a natureza das ameaças para identificar e denunciar atividades suspeitas. De acordo com o Data Breach Investigations Report 2024, o fator humano foi, em 2023, o elemento decisivo em 68% das quebras de segurança. Por isso, é importante ter em conta que as ameaças internas são também um risco significativo na proteção da informação, o que reforça a necessidade de uma estratégia de segurança abrangente que inclua tanto a tecnologia como a formação contínua dos colaboradores.