Já é nítido que a Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) tem potencial para revolucionar diversas indústrias e funções corporativas. Contudo, como notou recentemente Nicola Bianzino (chief technology officer da EY), ainda não existe uma aplicação chave (Killer Application) para o mundo corporativo. Mas é previsível que esta possa aparecer num curto espaço de tempo (menos de 1 ano), dado o desenvolvimento que se observa desde o final de 2022, momento do lançamento ao público do ChatGPT, que é a mais conhecida aplicação de IA Generativa.
Este passo acelerado, decorre do elevado sentido de urgência com que as organizações se debruçam sobre a IA Generativa, bem como da forma como as aplicações de IA Generativa (tal como o ChatGPT) estão correntemente a ser disponibilizadas para a criação de novos casos de uso, designadamente através de APIs (interfaces aplicacionais) ou “conectores” abertos. É esta condição de APIs abertos que permite às organizações inovarem, criando novos casos de uso, tendo por base os dados ou conhecimento armazenado nas organizações (residente em ERPs, workflows, e-mails, arquivos digitais, etc…).
Este facto tem ainda o potencial de revolucionar toda a arquitetura ou ecossistema de software corporativo e de arquivo de dados das organizações, dado que o desenvolvimento de casos de uso de IA Generativa estará intimamente ligado à forma como os dados e o conhecimento das organizações estão armazenados. Assim, vamos certamente assistir a uma disrupção nas próprias aplicações de negócio existentes (sejam ERPs, de troca de mensagens, etc…) de forma a ultrapassar as atuais restrições e barreiras no acesso, interação e diálogo com os dados residentes nas organizações.
Na mesma medida que ainda não existe um caso de uso (aplicação chave) no mundo corporativo, também ainda não existe para a função fiscal e financeira, mas claramente será uma das áreas onde se poderá obter maiores benefícios. Imagine-se a capacidade de pesquisar todo o quadro regulamentar, juntamente com decisões administrativas e outras, de forma contextualizada com a realidade interna de cada organização, obtendo respostas relevantes para investimentos estratégicos, ou para a tomada de decisão operacional, como por exemplo um registo contabilístico de uma dada operação. Outras vertentes poderão endereçar assistentes virtuais internos (para as áreas da contabilidade, contas a pagar ou receber, recursos humanos entre outras), automatizar a elaboração de reporte fiscal e/ou estatutário, indagar sobre erros e inconsistências de reporte fiscal de acordo com o quadro regulamentar, entre outros.
A IA Generativa, tem a capacidade de alterar a forma como trabalhamos e todo o ecossistema aplicacional e de gestão de conhecimento que hoje conhecemos.