Manifestações percorrem as ruas, destruição, violência, detenções sucessivas. Protestos por abuso de autoridade, cocktails molotov, bens destruídos. Imagens de cargas policiais, balas de borracha, bastões. O custo da legalidade. O conceito de autoridade anda bastante desvalorizado por estes dias. Falamos de autoridade enquanto sinónimo de poder, ou seja, o efeito vinculado de obediência perante as regras que disciplinam a vida em sociedade.
O poder é posto em causa sucessivamente, seja em ambiente politico e relativo à governação, quer seja, para assegurar o cumprimento da lei. Os agentes de autoridade, maltratados e coagidos, nunca aplaudidos, mesmo quando cumprem fielmente a sua missão. Claro que há exceções.
Em França, desfilam os coletes amarelos, em legítimo direito de opinião e manifestação, e com a justificação da situação social, provocam abusos, cujas ações terminam em conflitos, distúrbios e destruição de propriedade pública e privada. Em Hong Kong desfilam manifestantes que lutam pela democracia e protestam contra a adoção de legislação restritiva dos seus direitos e que culminam com detenções e violência. Nos Estados Unidos, sucedem-se os protestos, a partir de inadmissíveis excessos policiais sobre negros, e que motivam injustificadamente violência, pilhagem e destruição. Ou ainda as manifestações inspiradas por Greta Thunberg que atravessam o mundo a propósito da defesa do ambiente e que também deixam rasto.
Estamos perante situações verdadeiras distintas. Num caso, falamos de excesso de autoridade, noutro estamos perante fenómenos de autoritarismo. Em todos os casos está em causa o exercício de liberdades individuais, mas que podem ser aproveitados por terceiros para obter resultados que põem em causa a lei, os direitos individuais de terceiros e o sistema politico. No centro de todas as situações, situam-se os agentes de autoridade ou de forma mais corriqueira, a polícia. Descobrir a bissetriz entre o exercício legítimo da autoridade e os direito individuais, numa sociedade em mutação, onde os valores e princípios são genericamente postos em causa. Em todo o lado, há exageros e excessos e é grave quando os manifestantes são presos ou agredidos. Mas o contrário começa a ser regra, quando polícias veem a sua função posta ferozmente, apenas porque fazem o seu trabalho.
Hoje, face ao sentimento anti-autoridade, tudo serve para desacreditar a polícia, porque são representam o poder. Este faz parte da nossa organização social. É a ela que recorremos quando nos sentimos desprotegidos. Negar a autoridade é negar os pilares básicos da nossa convivência em sociedade. Lamentamos os exageros, mas não podemos negar a necessidade da existência de forças policiais que respeitemos para cumprir a sua missão.
Em pandemia prolongada e com reforço de regras dolorosas que provocam cansaço e frustração, perante negacionistas e donde resultarão tensões, importa travar a situação antes de crescer. Manter a serenidade, assumir a autoridade e respeitar os cidadãos.