Na recente conferência “A Banca do Futuro”, o governador do Banco de Portugal avisou que “o modelo de negócio bancário como o conhecemos sofrerá alterações profundas”. Na verdade, a ida ao banco à distância de um arrastar de dedo no smartphone e contas e cartões de pagamento de entidades não bancárias são realidades há uns anos impensáveis.

O mundo mudou também no sector bancário, com a chegada das fintech.

Numa análise SWOT, a força dos bancos é a relação pessoal com os clientes e a sua fraqueza está nos custos associados ao modelo tradicional. As fintech são seguramente a principal ameaça e a oportunidade estará nas alianças com as tecnológicas financeiras antes do êxodo maciço de clientes.

As taxas de juros historicamente baixas e sem tendência para subir foram o pior inimigo dos bancos, apesar de terem resgatado o euro e a UE da crise das dívidas soberanas. Em consequência, as margens financeiras dos bancos reduziram-se a níveis incomportáveis com a queda abrupta do preço do dinheiro.

O negócio dos bancos são os juros, mas este negócio está a esgotar-se e os bancos tentam reinventá-lo através das comissões. A lei portuguesa não permite cobrar pelos depósitos, razão por que os bancos pretendem mudar a legislação comunitária, mas só para cobrar a clientes institucionais e não a particulares ou empresas.

No plano dos princípios, é errado legislar para situações concretas. A lei deve ser geral e abstrata e o legislador precisa de tempo para se cristalizarem mudanças económicas e sociais que só depois deverão ser tratadas em letra de lei.

A situação é desafiante, sendo certo que os desafios significam oportunidades e os bancos não vão desaparecer. Longe disso! Seguramente, vão antes saber acompanhar os novos tempos e criar um modelo de negócio que combine o capital de confiança que têm junto dos seus clientes com a rapidez que as fintech oferecem.