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“A banca tem um papel crucial na capacitação das PME portuguesas nos tópicos ESG”

Entrevista com Inês Soares, Responsável do Gabinete ESG do novobanco, sobre o projeto Zona de Impacto Global e a importância do ESG para o mercado.
17 Abril 2025, 07h55

O que assume como o papel principal da banca tendo em conta a transição para uma economia mais sustentável, justa e inclusiva em relação às empresas e do ponto de vista do ESG?

O papel principal da banca do ponto de vista do ESG e da sustentabilidade é, sem dúvida, apoiar as empresas na sua jornada para a neutralidade carbónica através do financiamento de investimentos que promovam a transição energética, a economia circular e modelos de produção e económicos de baixo carbono.

Em paralelo, no novobanco, queremos também ter um papel ativo na promoção da literacia para a sustentabilidade e transição energética no tecido empresarial português. Para cumprir este objetivo não só fizemos parcerias com empresas especializadas que podem apoiar os nossos clientes na prossecução dos desafios ligados com a sustentabilidade, desde o desenho da sua estratégia de transição até ao cumprimento das suas obrigações de reporte, como criámos, já desde 2022, um programa alargado e abrangente de literacia ESG direcionado para as pequenas e médias empresas nacionais.

De que forma o novobanco integra os princípios associados ao ESG na sua estratégia e operações?

Integramos os princípios ESG na nossa estratégia e operações através de um robusto modelo de governo, que permite identificar claramente os impactos, riscos e oportunidades para o negócio e que garante que a sua gestão é conduzida diretamente pelo Conselho de Administração Executivo, que assegura a adequada priorização e coordenação do tema, através de um Gabinete ESG dedicado e de um comité mensal que acompanha a implementação do programa e resultados obtidos.

Este modelo de governação inclui também políticas de conduta, remuneração e diversidade e inclusão, práticas de excelência na experiência e satisfação do cliente que alavancam na inovação e digitalização, e metas de impacto nas comunidades que servimos e no ambiente.

Além disso, e porque reconhecemos a capacidade para atrair e reter talento como uma alavanca estratégica para o negócio, implementámos um alargado programa de transformação cultural que promove a inclusão, diversidade, igualdade de género e os valores da ética, confiança, transparência e simplicidade que são basilares à forma como fazemos negócio.

Assumindo-se o projeto Zona de Impacto Global como uma forma de atingir e dinamizar e acelerar iniciativas sustentáveis, que tipo de apoio(s) pode dar a banca para garantir ações com um impacto real?

A banca tem um papel crucial no apoio a iniciativas que promovem a capacitação das pequenas e médias empresas portuguesas nos tópicos ESG, de que é exemplo o projeto Zona de Impacto Global.

Para que estas iniciativas tenham um impacto real na economia, o sector financeiro deve dar o exemplo, não só através do financiamento de projetos que promovam a eficiência energética e a redução de emissões de carbono, mas também através da implementação de práticas e standards ambientais e sociais em toda a sua cadeia de valor e da criação de ecossistemas de partilha de conhecimento e colaboração que facilitem parcerias estratégicas, ligando empresas com startups, universidades e outras entidades e acelerem o desenvolvimento de soluções inovadoras para enfrentar os desafios ambientais e sociais.

Como avalia o novobanco o impacto do ESG nas suas operações e carteira de financiamentos?

A integração dos impactos, riscos e oportunidades ligadas à sustentabilidade nas nossas prioridades estratégicas operou transformações significativas nas nossas operações e forma de fazer negócio. Definimos e colocámos em marcha um programa plurianual e abrangente que permitiu e continuará a permitir:

  • Robustecer os modelos de identificação, quantificação, monitorização e reporte de riscos ESG no negócio;
  • Reduzir a nossa pegada de carbono direta, principalmente através de medidas para reduzir o consumo de energia e recursos em geral, e para aumentar o autoconsumo e o consumo de energia renováveis nos edifícios e na nossa frota de veículos;
  • Reduzir a nossa pegada de carbono indireta e financiar a transição energética da economia, apoiando os nossos clientes a realizar os investimentos necessários.

Somos o primeiro banco nacional, e até agora único, a definir e ver validadas pela Science Based Targets initiative (SBTi) metas de redução de emissões de CO2 financiadas, permitindo assim ao novobanco ter um plano de transição para o seu negócio reconhecido internacionalmente e seguindo metodologias baseadas na ciência.

Sabemos que o sector bancário enfrenta desafios na implementação de critérios ESG, principalmente perante a falta de dados “padrão”. Perante isso, qual a estratégia do Novobanco para gerir essa dificuldade?

A falta de dados padronizados é, de facto, um dos maiores desafios que o sector bancário enfrenta para avaliar corretamente os impactos e riscos ESG no seu negócio. Para enfrentar este desafio, o novobanco está a adaptar e transformar os seus sistemas informáticos e modelos de gestão de dados. A nível nacional, Portugal é um exemplo de inovação, tendo lançado a plataforma SIBS ESG, que permitirá a recolha centralizada de dados ESG das empresas nacionais. Acreditamos que esta plataforma será chave para mitigar o desfio da falta de dados.

A regulamentação europeia tem sido, naturalmente, cada vez mais exigente em relação ao ESG. Que medidas tem implementado o Novobanco para adaptar-se a essas novas exigências?

O novobanco tem garantido a adaptação atempada às novas exigências da regulamentação europeia em relação ao ESG, desde os novos requisitos de reporte de negócio alinhado com a Taxonomia Europeia, à Diretiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) ou à adoção de novas práticas de gestão de riscos ESG.

Disso exemplo são o relatório de sustentabilidade publicado este ano que já responde aos requisitos da nova diretiva de reporte CSRD ou a formação anual em tópicos de sustentabilidade e ESG que é assegurada a todos os nossos colaboradores.

Tendo em conta a realidade nacional, que oportunidades e desafios vê para o financiamento sustentável em Portugal, nomeadamente em relação ao universo das PME e startups, com foco no ESG?

O financiamento sustentável é uma importante oportunidade estratégica para transformar a economia e acelerar a transição energética, sobretudo no universo das PME, que constituem mais de 90% do tecido empresarial nacional. As empresas que mais cedo transformem os seus modelos de negócio para modelos neutros em carbono terão vantagens competitivas em custos e no acesso a mercados mais alargados e de maior valor.

Contudo, os desafios também são significativos. Muitas PME ainda não têm recursos humanos ou técnicos para incorporar critérios ESG nos seus modelos de negócio e a complexidade e falta de padronização dos critérios ESG, cria barreiras para empresas com menos capacidade técnica.

Vemos com otimismo o pacote “omnibus” de medidas de simplificação das regras da UE para a sustentabilidade que esperamos possa contribuir para o aumento de competitividade da economia europeia em simultâneo com a aceleração da transição.

Numa perspetiva de futuro, quais são os próximos passos e metas do Novobanco face ao ESG?

Continuaremos a integrar os princípios de sustentabilidade e critérios ESG na forma como trabalhamos e nos diversos pilares do nosso modelo de negócio, reforçando o nosso papel enquanto agente ativo na transição para uma economia mais sustentável, inclusiva e responsável.

Os próximos passos e metas passam por aprofundar a integração dos critérios ESG nos processos de decisão, com particular foco na decisão de crédito, mas também por reforçar o apoio às PME na sua jornada ESG, continuando a investir em parcerias especializadas que apoiam os nossos clientes a desenvolver estratégias ESG sólidas e a aceder a financiamento com impacto. Continuaremos igualmente a investir na qualificação e formação contínua das nossas pessoas e numa cultura colaborativa e inclusiva que permita a cada um atingir os seus objetivos.

E por último, mas não menos importante, queremos continuar a contribuir ativamente para o ecossistema ESG e para a capacitação das pequenas e médias empresas em Portugal, colaborando em iniciativas que promovam o debate, a inovação e o desenvolvimento de soluções ESG no contexto nacional — como é o caso do projeto Zona de Impacto Global / Pensar o ESG.

 

 

Este conteúdo patrocinado foi produzido em parceria com o novobanco.

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