Política industrial (industrial policy) consiste numa intervenção da mão visível – governo e outras entidades públicas – na economia visando a criação/desenvolvimento/apoio a certos setores da economia. Também podemos dizer que se trata dum conjunto de políticas públicas que visam uma transformação estrutural da economia.

Estamos a assistir a uma aposta fabulosa de política industrial chinesa, que lhes está a permitir liderar o mundo nas tecnologias da descarbonização, nos veículos elétricos e até, preocupantemente para o mundo ocidental, nas tecnologias militares e do espaço.

Os EUA com Biden tentaram uma reindustrialização que lhes permitisse fazer face à ameaça chinesa, com três instrumentos: o IRA para apoiar as tecnologias verdes, o Chips Act, para apoiar a fabricação dos microprocessadores em solo americano e o programa Apollo para a corrida espacial.

O então conselheiro para a Segurança e Defesa Jack Sullivan, consciente de que os EUA, para continuarem a ser a grande potência militar e fazerem face à China, tinham que ter o domínio tecnológico e a produção dos equipamentos militares, era o maior defensor dessa política industrial, não pelas razões clássicas do welfare mas sim pelo warfare… Com Trump ainda não é claro qual o futuro dessa política industrial.

A maior parte dos governos tem avançado com políticas industriais, utilizando como instrumentos as tarifas, restrições às importações e exportações, barreiras regulatórias, incentivos fiscais e financeiros à produção doméstica e apoio promocional para entrada em novos mercados.

Sem surpresa, a China é o país que mais tem usado todos os instrumentos da política industrial. Segundo a McKinsey, em doze economias estudadas a China representava 78% de todos os incentivos e apoios dados pelos governos em 2019! Os EUA tinham aumentado em 33%/ano tais apoios, mas ainda estão em termos de apoios por unidade de PIB, expresso em dólares, bem abaixo da China.

Enquanto todo o mundo está preocupado com as tarifas de Trump, os chineses prosseguem tranquilamente com um apoio maciço aos setores e produtos que exportam, inundando os nossos mercados ocidentais com esses produtos fortemente apoiados pelo Estado chinês. Fazem-no distorcendo o funcionamento dos mercados, enquanto se proclamam os maiores defensores do free and fair trade na cena internacional, sendo Trump o grande vilão contra o livre comércio internacional!