Até há bem pouco tempo tudo o que era comentado, falado e discutido na sociedade em geral estava no Facebook, até que se percebeu que muito do que por lá aparecia eram as agora famosas Fake News. Depois veio a descobrir-se que, afinal, o que era falso também andava por alguns jornais, o que na verdade já todos sabíamos, mas que acabou ridicularizado pelo empolgante e polémico presidente norte-americano.

A verdade é que confiança é uma coisa ‘tramada’. Em quem confiamos afinal? Na família? Nos amigos? No que lemos ou vemos? Vivemos num mundo de desconfiança geral, que abarca tudo e todos. E esse é o grande desafio do momento, para todos – para os media, para as marcas e para nós, enquanto indivíduos. A discussão sobre o caminho que os media estão e vão seguir é ampla e raramente consensual. Não sei qual será o futuro. Acho que ninguém sabe. Mas vejo que, no presente, há espaço para meios variados.

Cresci a consumir notícias. Em casa todos o faziam – uns mais do que outros, é certo – e, curiosamente, sempre de formas distintas. Hoje o meu pai é um adepto incondicional do papel, embora já seja adepto das assinaturas digitais. Eu gosto de todos, embora se tiver de escolher apenas um, por falta de tempo, escolho a televisão, mas sem nunca deixar de passar os olhos pelas publicações digitais, apesar de viver permanentemente informada graças aos “abençoados” alertas dos vários media que vou recebendo no telemóvel.

Cada geração consome informação de formas distintas, mas, curiosamente, nunca de uma só forma. Isso torna tudo mais complexo, mais exigente e mais caro de produzir. Por isso, quando olho para os resultados da edição de 2018 do Edelman Trust Barometer percebo o porquê dos media serem vistos, pela primeira vez, como a instituição menos confiável a nível global.

Em 22 dos 28 países inquiridos os media não são uma instituição confiável. E esta diminuição da confiança no “quarto poder” deve-se, principalmente, a uma quebra de confiança nas plataformas, sobretudo search engines e redes sociais. 63% dos inquiridos afirmam que não conseguem distinguir bom jornalismo de um rumor ou fake news, ou se o artigo foi produzido por um organismo de comunicação social credível.

Perante isto, desculpem, mas até fico contente. É preciso começar a distinguir o que é jornalismo de um post no Facebook, Instagram ou Twitter. Atenção que uso todas e nada tenho contra qualquer uma delas, pelo contrário. A revolução que trouxeram às nossas vidas e à forma como comunicamos é inigualável. Mas sempre me custou ouvir alguém dizer: “Não sabes o que aconteceu? Está tudo no Facebook.”

Por mais benefícios que as redes sociais tenham, a credibilidade noticiosa não é certamente um deles. E talvez este seja um ponto importante para se perceber qual o novo caminho que os media devem seguir. E este passa, seguramente, por estar sempre nas redes sociais mas não fazer de um ‘monte’ de posts anónimos uma notícia de última hora.

O estudo da Edelman mostra o dilema que enfrenta o Facebook e outras plataformas de redes sociais. Cada vez mais, são identificados com os media e o entretenimento que distribuem. Mais. Por um lado fornecem informações para um público cada vez mais desconectado das notícias e, por outro, para um público conectado que é cada vez mais cético. E ambos são vulneráveis à manipulação.

No caso do Facebook, por exemplo, se é certo que desempenhou um papel extraordinário na eleição presidencial dos EUA em 2016, também é certo que representa hoje um perigo para a democracia em geral. A mudança do Facebook para o News Feed  não deixa de ser, de certa forma, a solução recomendada pela Edelman para resolver esta grave crise de confiança: proteger a qualidade da informação, proteger os consumidores e salvaguardar a privacidade. Esse é o caminho.