Amplamente premiada, a romancista e contista Lídia Jorge é uma das vozes mais consagradas da literatura portuguesa contemporânea. Aliás, na véspera da conversa com o JE, esteve na Embaixada francesa para receber a mais alta distinção do Ministério da Cultura de França, Commandeur des Arts et des Lettres. Longe de se deslumbrar com prémios e condecorações, mantém-se fiel à sua intuição como “escritora-antena”, captando o mundo em que vivemos, a sua inconsistência e capacidade de regressão. Mas não sem antes passar pela Cultura, como “suplemento de esperança” num momento em que o mundo ocidental enfrenta mais uma crise.
“Se acreditarmos, nos momentos de crise, que a Cultura e aquilo que ela traz, que é um abraço entre a humanidade”, então, teremos “uma espécie de suplemento de esperança. Depois vêm os analistas, os historiadores, e dizem que não serviu de nada, que a Cultura, pelo contrário, faz as pessoas não esquecerem as pátrias, não esquecerem as nações, acabando por se envolver em lutas. Eu distingo as duas culturas. Aquela cultura que é enraizada de tal forma que diz «eu sou diferente dos outros e sou superior aos outros», e a outra cultura, que é aquela onde me movo, a cultura da literatura e da arte que diz, precisamente, que o nosso imaginário é universal”.
“E isso, para mim, é uma esperança no momento que atravessamos hoje. Mesmo que haja gente que diga que não, eu quero acreditar que sim. E é precisamente nos encontros com as pessoas desta área que eu vejo maior esperança, maior desejo de superar isto. Porque a Cultura é um soft power, não é um poder executivo, mas é um suplemento da alma que conduz o poder de execução”.
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