As eleições autárquicas realizam-se dentro de pouco mais de uma semana. Estamos seguros que todos os partidos já ganharam as eleições. Uns porque ganharam mais do que tinham, seja em presidências ou mandatos, outros porque mantiveram o que tinham quando se esperaria que perdessem.
Na noite eleitoral teremos o virar de página para uma nova fase da política nacional nesta segunda metade da legislatura. Fase em que se especula se chega ao seu términus, se a coligação se mantém, no prolongamento deste faz-de-conta num braço de ferro, real ou meramente aparente.
O ruído e as ondas de choque dos resultados da coligação serão tão mais audíveis quanto piores resultados tiverem tido. E, muito provavelmente, nos dias seguintes às eleições, teremos um crescer de discussão sobre o orçamento para 2018.
Ate lá, teremos anúncios sucessivos de matérias favoráveis ao Governo, mesmo daqueles que já ouvimos ou dos quais não voltaremos a ouvir. E se os resultados forem negativos para o PS, a valorização de alguns resultados e a justificação do papel dos independentes será ampliada.
Independentemente dos resultados uma consequência é clara: a democracia funciona. As eleições autárquicas em 308 municípios, quase 3100 freguesias e seguramente mais de 35000 eleitos (e seguramente muito mais de 100.000 candidatos) derivados de um processo eleitoral participado. E se duvida da participação popular… e do mérito do sistema político.
Estas eleições não são uma primeira volta de resultados nacionais. Têm espaço e legitimidade próprios que em cada mandato mais se justificam. Haverá mais independentes e novos protagonistas. Este novo mandato espera que finalmente se verifique a propalada descentralização, com a marca de que o poder local faz mais, de forma mais realista e com o uso de menos meios.
A reforma dos poderes autárquicos pode levar à consolidação do interior, à melhoria do litoral e à harmonização do desenvolvimento do país. Essa tem sido a grande vitória da democracia e que se espera o Governo promova – não condescendendo com o imobilismo de alguns – e em consenso com todos os partidos, nomeadamente com aqueles que têm apresentado projetos sucessivos.
Trata-se de uma oportunidade para o país, de realizar uma real reforma política e não partidária. O Governo tem a responsabilidade de em tempo e com tempo participar no jogo do qual se tem arredado pelos interesses dos seus parceiros de coligação. Também aqui é tempo da democracia funcionar.