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Descarbonização da economia tem de ser suportada numa “iniciativa global”

Carlos Costa Pina deu o pontapé de saída da Conferência Anual de Sustentabilidade, promovida pela Galp. O Chief Sustainability Officer da energética portuguesa falou no “triplo desafio” da sustentabilidade e revelou que o preço do carbono não reflete as externalidades negativas das emissões de CO2.
  • Chief Sustainability Officer
26 Março 2019, 10h55

A Galp “é a primeira empresa europeia no Dow Jones Sustainability Index”. Foi com esta frase, que encerra “uma responsabilidade”, que o Chief Sustainability Officer da Galp, Carlos Costa Pina, terminou o discurso que deu início à Conferência Anual de Sustentabilidade, que se realiza esta terça-feira, em Lisboa.

O índice de sustentabilidade do Dow Jones mede o desempenho das cotações das empresas listadas tendo em conta critérios económicos, ambientais e sociais, que correspondem aos três pilares da sustentabilidade.

Com estes índices, os investidores conseguem incluir no seu portfólio títulos que integram considerações sustentáveis, o que, por sua vez, incentiva as empresas cotadas a adotar as melhores práticas ligadas à sustentabilidade.

A sustentabilidade é um tema complexo. No quarto dia da sustentabilidade promovido pela energética portuguesa, Costa Pina falou do “triplo desafio” que baliza o tema do desenvolvimento sustentável e para o qual “somos todos convocados”.

Descarbonização da economia

À cabeça surge a “descarbonização da economia”, que corresponde à “maior falha de mercado com que a humanidade foi alguma vez confrontada”, alertou o administrador da Galp.

A descarbonização da economia tem de ser suportada numa “iniciativa global”, sublinhou Costa Pina.

O diretor para a sustentabilidade da energética portuguesa explicou que, como qualquer falha de mercado, que traduz uma ineficiência do mercado, só se combate “com regulação” ou com “investimento do lado do Estado, ou através da via fiscal”, salientou.

Uma das estratégias encontradas para promover a descarbonização da economia consiste em colocar um preço nas emissões de carbono, disse Costa Pina. “Mas a verdade é que o preço do carbono não reflete as externalidades [negativas] das emissões de CO2”, frisou.

Dilema

A sustentabilidade ‘desemboca’ num dilema, revelou Costa Pina, que é um “desafio económico”. Em face da descarbonização da economia, surge “o aumento do consumo de energia”, o que é “induzido pelo crescimento da população e da economia”, referiu o diretor para a área sustentável da Galp.

“Como é que este dilema vai ser resolvido?”, questionou Costa Pina.

Enquanto a humanidade trabalha para encontrar soluções para este dilema, a verdade é que o mercado, quer do lado da procura, quer do lado da oferta de energia, está pressionado.

Por um lado, “as maiores economias do mundo dependem da importação de gás”, e, por outro, estamos a assistir a uma disrupção na produção de petróleo, com a quebra da produção da Venezuela e as sanções impostas ao Irão.

Neste contexto, “em 2025 haverá um supply gap (falta de produção para satisfazer a procura) de 35 milhões de barris”, explicou Costa Pina. E, para inverter esta situação, será necessário “aumentar o nível de investimento na atividade de upstream”, salientou o administrador.

Desafio social – a sociedade 5.0

Criado no Japão, o conceito de sociedade 5.0 procede à alteração do paradigma dos comportamentos em linha de conta com o desenvolvimento sustentável, disse o Costa Pina da Galp.

A sociedade 5.0 “partiu do conceito da indústria 4.0” e consiste em perceber que “a inovação trazida pela tecnologia não coloca o homem fora do circuito da sustentabilidade”, explicou Costa Pina.

Adaptando este conceito à realidade empresarial, o presidente executivo da Galp referiu que vai alterar a relação entre as empresas e os seus clientes, que têm cada vez mais preocupações sustentáveis.

“[Teremos de] oferecer ao cliente um serviço que satisfaça essa sua pretensão”, o que “;vai trazer mais eficiência na forma como atendemos aos nossos clientes”, sublinhou administrador da Galp.

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