Portugal atravessa atualmente uma fase de considerável otimismo económico, fruto de uma conjuntura mundial favorável e em virtude da recuperação da confiança dos agentes económicos, findos os anos da intervenção económica da denominada troika. A atual conjuntura é especialmente visível no mercado imobiliário, não só ao nível da promoção imobiliária clássica de apartamentos e escritórios, mas também das transações de espaços comerciais de grande dimensão.

Atravessada a fase expansionista de construção de centros comerciais, ocorrida em finais dos anos 90 e na primeira metade deste século, e ultrapassados os já referidos anos de intervenção económica, surge uma nova fase de investimento mais sustentada na renovação e modernização dos espaços, patrocinada pela entrada de novos agentes no mercado nacional.

A melhoria da economia, parcialmente sustentada no aumento do consumo privado e da confiança dos consumidores, levou ao aumento do ticket-médio por visitante. De facto, em 2017, assistimos ao aumento de vendas por metro quadrado, apesar do número médio de visitantes ter diminuído, relembrando que a densidade de centros comerciais em Portugal é superior à média europeia.

O mercado português tem sido um mercado apetecível para investidores estrangeiros que pretendem rentabilizar o seu capital, numa altura em que as taxas de juros permanecem em níveis muito baixos e as yields associadas a estes ativos decrescem sucessivamente. Basta verificar que em meados de 2014 as yields de centros comercias em Lisboa rondavam os 6,5%, enquanto as atuais rondam os cerca de 5%, um decréscimo na ordem dos 23%, demonstrando claramente a avaliação do risco associado a este tipo de ativos no mercado nacional.

Em matéria de transações, 2017 foi um ano dinâmico, com a venda do Fórum Viseu, Fórum Coimbra e Vila do Conde Outlet à cabeça, contribuindo para os cerca de 1.900 milhões de euros de investimento em imobiliário comercial, conforme dados preliminares. O ano de 2018, por sua vez, promete ser um ano de recordes: após a venda do Dolce Vita Tejo (o segundo maior centro comercial português) por cerca de 230 milhões de euros, seguiram-se as vendas do Sintra Retail Park, Fórum Sintra e Fórum Montijo, por cerca de 400 milhões de euros, e ainda as vendas do Albufeira Shopping e Continente de Portimão. No mercado, encontram-se ainda o Fórum Almada (naquela que poderá ser a maior venda individual dum espaço comercial em Portugal), Rio Sul (Seixal) e Serra Shopping (Covilhã).

Adivinha-se, portanto, um Verão quente no mercado português de imobiliário comercial.