Ao celebrar os 75 anos, a China tem adotado uma política de maior inovação em sua indústria. Ao invés de “Made in China”, o país pretende liderar com o conceito “Innovated in China”. A disrupção global resultante da ascensão dos carros elétricos chineses é impressionante, tem criado um desconforto crescente no Ocidente, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, e adota este novo conceito. A qualidade e inovação dos veículos produzidos impressionam.
Além disso, introduzem profundas transformações em setores estratégicos da economia global, a começar pela indústria automóvel tradicional, o mercado petrolífero, a geopolítica do Médio Oriente e até mesmo a hegemonia do dólar. Os veículos elétricos constituem um dos maiores fatores de mudança no tabuleiro global, desafiando a ordem estabelecida em 1945 e expondo as fragilidades do atual modelo econômico ocidental.
A indústria automobilística, historicamente dominada por marcas ocidentais, vê-se ameaçada pela capacidade da China de produzir veículos elétricos em larga escala com preços muito mais atrativos. A indústria ocidental que, por décadas, se manteve como líder mundial, não tem tido a capacidade de contrapor-se na qualidade. E, para se manter competitiva, teria que realizar pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento, impactando lucros e desafiando sua estrutura corporativa.
Os carros elétricos também afetam diretamente a indústria petrolífera global. A demanda por petróleo diminuirá significativamente. Isso afeta não apenas as grandes empresas de petróleo, mas também as economias dos países produtores, grande parte deles localizados no Médio Oriente.
Com a perda de relevância do petróleo no cenário econômico global, o dólar também se sente ameaçado. E o pilar fundamental da hegemonia dos Estados Unidos está ameaçado, especialmente num momento em que o país enfrenta enormes desafios morais e econômicos, desigualdades sociais e disputas internas em ascensão, afetando sobremaneira o seu futuro político e econômico.
Por fim, o discurso ambientalista também vem diluir-se muito da sua agenda catastrófica. O argumento de que os carros movidos a combustíveis fósseis são responsáveis por grande parte das emissões de carbono será gradualmente enfraquecido com a popularização dos veículos elétricos.
Causa estranheza que a Europa, campeã do argumento ambientalista, adote uma oposição tão forte aos veículos elétricos chineses. O meio ambiente é uma questão de saúde pública ou meramente econômica?