Em 2016, a Catalunha  tinha 7,4 milhões de habitantes, ou seja 16% da população espanhola, e tinha um PIB, a preços correntes, de 212.000 milhões de euros, representando 19% do PIB espanhol e ultrapassando em 14% o PIB português. Tal coloca a Catalunha entre as quinze principais economias da União Europeia. Em termos de PIB per capita, no contexto espanhol apenas Madrid, País Basco e Navarra a ultrapassam.

Tem uma estrutura económica diversificada, onde sobressaem a electrónica, máquinas e bens de equipamento, agroalimentar, biotecnologia e tecnologia da informação e um sector terciário e de serviços em expansão graças à saúde e ao turismo. A sua taxa de desemprego era de 13,2% contra os 17,4% de Espanha e, em 2016, o seu crescimento económico foi de 3,5%, acima da média nacional (3,3%).

A Catalunha foi, a seguir à Galiza, a região de Espanha que mais importou do nosso país em 2016, 1.685 milhões de euros,  representando 15,9% das nossas exportações para Espanha, sendo então Portugal o seu 11º fornecedor. Por outro lado, a Catalunha foi a região espanhola que mais exportou para Portugal, representando 24% das nossas importações de Espanha, sendo Portugal o 4º maior cliente da Catalunha. Por estes números pode ver-se a importância económica da Catalunha e as fortes relações comerciais entre esta e Portugal.

A tensão política em Espanha e na Catalunha já está, naturalmente, a prejudicar estes sucessos económicos. Como sabemos, as recentes eleições na Catalunha voltaram a dar uma maioria parlamentar aos partidos independentistas, mas não tiveram a maioria dos votos expressos, coisa que tem sido omitida pela imprensa portuguesa! Em termos de votos expressos tiveram 47,5%, o que ficou inclusive aquém dos 47,7% obtidos em 2015. Não terão ainda legitimidade política para declararem a independência. Mas com a doutrinação que está a ser feita aos jovens nas escolas catalãs, onde já não aprendem o castelhano, será uma questão de tempo até terem a maioria dos votos expressos.

Lembro-me dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, aos quais assisti, em que pela primeira vez, a par das tradicionais línguas inglesa e francesa e da língua do país organizador, o castelhano, se teve também como língua oficial o catalão. Tal deveu-se a uma exigência do então Presidente do Comité Olímpico, Juan António Samaranch, personalidade ligada aos meios empresariais catalães. Viu-se então a deriva linguística, havendo cada vez mais uma geração que só fala catalão e tem dificuldades em trabalhar no resto de Espanha.

A visão mística de Carles Puigdemont, manobrado pela coligação com anarquistas e esquerdistas, não augura nada de bom para quem lá ficar sujeito ao seu jugo. Poderá repetir-se o que já está a acontecer na Turquia, em que professores universitários e quadros técnicos procuram, desesperadamente, vir para os países ocidentais. Se eu vivesse na Catalunha, ou fosse o responsável de um grupo económico, começaria a pensar em me deslocalizar da Catalunha.

Assim o futuro económico da Catalunha não parece nada risonho. Grandes empresas já estão a mudar as suas sedes e a incerteza e tensão políticas levaram também a algum  arrefecimento da economia espanhola. Há, assim, riscos de  algum impacto negativo nas exportações portuguesas para Espanha e para a Catalunha.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.