A urgência da transição para uma economia circular é cada vez mais evidente. Do ponto de vista ambiental, o modelo de produção e consumo linear, baseado na extração de recursos naturais, produção de bens e eliminação após a sua utilização, está a esgotar os recursos do planeta e a gerar impactos negativos: polui a natureza, consome recursos finitos, contribui para as alterações climáticas e é uma das principais causas da perda de biodiversidade.

De um ponto de vista económico, esta conceção de utilização única traz desafios igualmente consideráveis, especialmente num contexto de tensões geopolíticas, perturbações na produção e aumento da inflação.

De acordo com a COTEC, são utilizados 8,1 milhões de toneladas de materiais por ano na União Europeia e apenas 5% das matérias-primas são recuperadas através da reciclagem, o que leva à perda de 95% do valor gasto em materiais e energia, tendo em conta o número de produtos que são utilizados apenas uma vez.

Em contraponto, a economia circular propõe um novo modelo em que os materiais são mantidos em ciclos de utilização contínua, reduzindo a extração de recursos, bem como os seus resíduos. Neste contexto, o sistema de pooling desempenha um papel fundamental na promoção da sustentabilidade.

Em termos gerais, o pooling é um sistema de partilha e de reutilização de bens e de serviços entre diferentes empresas, com o objetivo de maximizar a utilização dos recursos e de reduzir o consumo excessivo de matérias-primas, tornando-nos mais regenerativos e com maior capacidade de devolução à natureza. Este sistema pode ser aplicado em vários sectores, começando pelo transporte de mercadorias e pela logística.

No transporte de mercadorias, por exemplo, o pooling pode ser implementado através da partilha de veículos, reduzindo o número de camiões em circulação e, consequentemente, a emissão de gases com efeito de estufa. Ainda assim, e sem descurar este e outros ganhos ambientais, a partilha de transportes é também benéfica do ponto de vista da eficiência, ao otimizar as rotas de entrega, reduzindo o tempo de espera e o custo do próprio serviço de transporte.

Na logística, o sistema de pooling está presente em inúmeras outras possibilidades, como o aluguer de paletes e contentores que permitem a movimentação de produtos ou o seu armazenamento. Neste sentido, o pooling é um modelo em que estas plataformas são partilhadas e reutilizadas, por produtores, fabricantes e distribuidores, ao longo de toda a cadeia de abastecimento, e são inerentemente circulares.

Nesta abordagem, o utilizador das paletes alugadas é responsável pela correta manipulação e utilização dos ativos, pagando apenas a quantidade de paletes de que necessita, durante o tempo em que as utiliza. É o distribuidor de paletes que se encarrega da gestão destes produtos, do início ao fim do circuito, recolhendo as paletes dos pontos de distribuição ou armazéns dos clientes quando vazias.

Uma vez no Centro de Serviços as mesmas são inspecionadas, limpas, reparadas se necessário e voltam a ser inseridas na cadeia de abastecimento, através de entregas aos produtores, fabricantes, ou operadores logísticos para as suas operações diárias. Isto significa que o utilizador de paletes (produtores ou distribuidores) pode concentrar-se no seu negócio principal, o que aumenta a atenção para este tipo de soluções, especialmente se a disponibilidade de matéria-prima em abordagens mais tradicionais (madeira branca) ou os preços praticados neste ambiente global ainda forem considerados.

Assim, a economia circular destaca-se não só como uma solução eficiente, mas como uma das respostas à emergência climática promovendo a sustentabilidade do planeta, quer pela possibilidade de abrandar a utilização dos recursos naturais, quer pela redução das emissões de gases com efeito de estufa. Em paralelo, reforça também medidas que favorecem uma maior agilidade financeira por parte das empresas, para que possam investir noutras áreas que reforcem os seu programas e estratégias de sustentabilidade rumo a cadeias de abastecimento neutras em carbono.