A revolução digital chegou em força. As nossas rotinas já dependem da utilização constante de tecnologia e sabemos que as empresas estarão condenadas ao desaparecimento súbito se não se transformarem digitalmente.

Apesar de ainda estarmos a começar a sentir as potencialidades da inteligência artificial, o seu impacto é já colossal. Estudos recentes mostram-nos que os efeitos no aumento de produtividade, no incremento de inovação e nos ganhos de eficiência gerarão mais riqueza e mais oportunidades. Como simples efeito adicional gerado pela adoção de inteligência artificial, a Accenture prevê que, até 2035, as taxas anuais de crescimento económico duplicarão à escala global, a PwC antecipa que o PIB global pode crescer 14% até 2030, enquanto o McKinsey Global Institute estima que, no mesmo prazo, o produto global pode aumentar em 1,2% anualmente.

Estes benefícios não podem ser ignorados. Particularmente, em tempos de abrandamento da economia mundial. A questão mais pertinente será perceber como é que as empresas vão acompanhar esta tendência. Como podem beneficiar deste momento? Uma reação intempestiva será tomar a decisão de aumentar a fatia orçamental e investir na aquisição de tecnologia. Pode ser necessário, mas não será suficiente.

Para explicitar este novo desafio com que as organizações se deparam, recorro a uma fórmula recentemente usada pelo CEO da Microsoft, Satya Nadella. Essa receita, intitulada pelo próprio como “tech intensity”, passa pela soma de duas parcelas: em primeiro lugar, a adoção tecnológica, ou seja, a necessidade de as organizações incorporarem de forma rápida e eficaz as novas soluções digitais que lhes permitirão estar na primeira linha da competição global.

Contudo, não menos relevante, importa adicionar uma segunda parcela, normalmente desprezada. As empresas terão de potenciar as suas próprias “capacidades tecnológicas”. Isto é, a fórmula que levará à intensidade tecnológica passará igualmente pela necessidade de cada organização desenvolver os seus específicos recursos tecnológicos e de criar as suas soluções digitais diferenciadas.

Esta inovadora e original fórmula convoca-nos para refletirmos sobre uma outra variável que não tem sido devidamente equacionada no debate e na definição de políticas públicas. Refiro-me ao elemento humano. Pode parecer paradoxal, mas a verdade é que, num tempo de fortíssima aceleração tecnológica, o fator humano será o fator verdadeiramente diferenciador assumindo uma importância capital no sucesso das organizações.

Cada vez mais, as novas soluções tecnológicas são uma ferramenta indispensável e as novas plataformas digitais são uma base incontornável para o sucesso empresarial. Mas não nos iludamos… As pessoas, com as suas competências próprias, farão a diferença.

É assim indispensável que as empresas e organizações portuguesas percebam que devem olhar para as duas parcelas nesta equação: à aposta nas plataformas e soluções tecnológicas certas, devem somar uma aposta na (re)qualificação dos seus recursos humanos. Desta soma resultará a “intensidade tecnológica” que conduzirá a resultados auspiciosos neste futuro repleto de oportunidades.