Tem-se falado muito da entrada em dezembro e do “Santa Claus rally”, também conhecido como “efeito de dezembro”, que poderia colocar o fecho do ano das bolsas em níveis mais simpáticos. Em Portugal, várias histórias animaram a Euronext Lisbon.

As bolsas receberam com muito agrado um discurso de Jerome Powell na terça-feira, no qual o presidente da Fed afirmou que as taxas de juro estão muito próximas de níveis “neutrais”. Estas palavras foram interpretadas como um sinal de que a Fed irá desacelerar a alta dos juros e que além da subida muito esperada na reunião de dezembro, haverá talvez apenas uma ou duas subidas adicionais. Os mercados têm estado preocupados com os vários efeitos de taxas de juro mais altas, quer para a economia dos EUA, quer no resto do globo devido a um dólar mais forte. Tem crescido também a expetativa de uma melhoria no relacionamento entre Pequim e Washington no tema do comércio internacional. A preparação do G20 deste fim-de-semana tem sido muito intensa e o fluxo noticioso tanto tem dado conta da intenção de introduzir mais e maiores tarifas em 2019, como mostra boa vontade entre as partes para chegar a um acordo amplo. Para as bolsas, seria um cenário quase perfeito ter, na mesma semana, notícias de um acordo comercial EUA-China e a sinalização de taxas de juro a subir menos em 2019.

Em relação ao “Santa Claus rally”. a expectativa é de uma subida das ações no último mês do ano, geralmente atribuído à antecipação das compras que costumam suceder em janeiro, reflexo da injeção de fundos nos mercados e também devido a efeitos fiscais. Por vezes, a indústria também “puxa” por alguns títulos com o objetivo de melhorar as rentabilidades do ano que termina. Para já o que se nota é uma melhoria do ambiente geral nos mercados, depois das emoções de outubro. É certo que os índices ainda estão bastante longe dos máximos, mas a pressão vendedora parece para já estar contida. O sinal definitivo terá de vir da economia. Nas últimas semanas têm-se sucedido indicadores de desaceleração económica, aos quais não é alheia uma quebra da confiança. Continuam muitos problemas em cima da mesa para resolver, nomeadamente o Brexit, a situação em Itália, as tensões comerciais e a volatilidade dos mercados.

Em Portugal a semana foi positiva, ainda que os constituintes do PSI 20 tenham registado performances muito distintas. A visita de João Lourenço ajudou pelo menos duas cotadas a valorizar. O presidente angolano deu a entender que a participação da Sonangol no Millennium BCP será para manter, o que ajudou os títulos do banco, e as negociações para a construção de infraestruturas em Angola poderão ter contribuído para a forte subida registada pela Mota Engil esta semana. As ações dos CTT foram das que mais subiram nos últimos dias, estando já a cotar mais de 30% desde os mínimos registados em maio. O mercado parece agradado com alterações de ordem estratégica realizadas pela empresa, nomeadamente ao nível dos acordos para distribuição de encomendas e num maior realismo da política de dividendos. Já o setor da pasta de papel pesou negativamente no PSI 20, com a Altri e a Navigator a recuarem. A queda que a Galp tem vindo a registar desde agosto, reflexo da evolução dos preços do petróleo, também impediu o PSI 20 de registar uma performance mais positiva.