Na campanha das últimas legislativas, o PS prometeu “virar a página da austeridade” para “relançar a economia” tendo, num documento datado de Agosto de 2015, criticado a “colossal carga fiscal” e o “brutal aumento de impostos; algo que considerava estar a ser prejudicial para a economia portuguesa.

Nesse documento constavam medidas que teriam impacto positivo no PIB e cujos custos para as contas públicas se encontravam quantificados. Assim, em 2016, 2017, 2018 e 2019 o défice orçamental seria respectivamente de 3,0%, 2,7%, 2,1% e 1,4%. Já o crescimento económico de 2,4%, 3,1%, 2,8% e 2,4%.

Estes valores representavam por isso uma consolidação orçamental mais lenta, mas um crescimento mais acelerado, quando se comparava com as metas mais recentes do governo de Passos Coelho. Na prática, o PS transmitiu a ideia de que, dando tudo a todos, seria possível, por via do consumo, fazer a economia disparar e o défice baixar. Mas foi isso que aconteceu?

Os dados oficiais conhecidos demonstram que se verificaram os seguintes défices (excluindo medidas pontuais): 2,4% em 2016; 0,8% em 2017; 0,0% em 2018; esperando-se um valor idêntico para 2019. Já relativamente ao crescimento económico: 1,9% em 2016; 2,8% em 2017; 2,1% em 2018; perspectivando-se 1,9% para 2019.

Comparando o que efectivamente se verificou, com aquilo que o PS previu em Agosto de 2015, conclui-se que a consolidação afinal foi mais rápida, ao passo que o crescimento foi mais lento; o oposto do que foi prometido. Mas isto quer dizer que a estratégia socialista de “virar a página da austeridade” falhou? Não. Significa que não foi sequer colocada em prática. É que para compensar as reversões, o Governo socialista implementou várias medidas do lado da despesa e da receita (exemplo: aumento de impostos indirectos e cortes no investimento público).

Ora, como a página da austeridade não foi virada, o ministro das Finanças Mário Centeno pode hoje sorrir, pois conseguiu garantir o equilíbrio das contas públicas; mas o mesmo já não poderá fazer o PS, uma vez que na realidade incumpriu com a sua principal promessa eleitoral.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.