Catarina Martins afirmou que as maiorias absolutas são “trágicas” e uma “má ideia”, numa clara resposta a António Costa. No mesmo sentido, Jerónimo de Sousa referiu que uma nova maioria do PS “poderia tender para uma política de retrocesso”.

Faz dois anos que BE e PCP depositaram os seus destinos nas mãos de Costa tornando-se fieis escudeiros do seu governo. Estes dois partidos encontram-se agora encostados à parede: se romperem a coligação, o eleitorado de esquerda culpá-los-á por uma crise política (Santos Silva já avisou); se não romperem continuarão “presos” e, a acreditar nas sondagens e a olhar para os resultados das autárquicas, a ser “absorvidos” pelo PS.

Como sabemos, quando os socialistas formaram governo, a conjuntura já era favorável: reformas estruturais no terreno, crescimento económico, criação de emprego, défice orçamental de 3% do PIB e, não menos importante, indicadores de confiança das famílias e das empresas em níveis elevados. Quem governa actualmente está a gerir procurando não comprometer.

Felizmente para nós Portugueses a tendência positiva continua. De acordo com as minhas estimativas, a economia portuguesa irá mesmo crescer entre 2,5% e 2,9% em 2017. E enquanto o eleitorado de direita responsabiliza o governo de PSD e CDS por esta realidade, o de esquerda atribui os louros ao Governo do PS, ao qual BE e PCP não pertencem (servindo apenas de muleta no Parlamento para que os socialistas consigam aprovar o que querem).

Os desabafos de Catarina e de Jerónimo (este último perdeu nove câmaras só para o PS) devem assim ser entendidos como manifestações de arrependimento e de preocupação. O problema é que ninguém leva a sério adeptos que andaram anos a apoiar um “clube” de forma efusiva e que agora nos vêm dizer que o ideal é que esse mesmo clube ganhe apenas por um, ou no limite por dois, mas não por três, pois tal seria muito perigoso.

Hoje é ainda mais do que óbvio que Catarina e Jerónimo têm seguido uma estratégia suicida que penaliza os seus partidos e que beneficia o PS. Estou certo que Costa agradece.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.