A Organização das Nações Unidas (ONU) encontra-se numa encruzilhada financeira bastante difícil. O secretário-geral da organização já no ano passado se tinha manifestado muito preocupado com a situação de bancarrota em que a ONU se encontrava e que tinha a génese na falta de pagamento dos Estados-membros.
Como é sabido de todos, os EUA e Israel deixaram de pertencer à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência, Cultura e Educação) no dia 1 de Janeiro do corrente ano. Sendo os EUA o principal financiador das Nações Unidas (22% do orçamento total), a sua saída representa um corte substantivo nas verbas recebidas pela organização na sua totalidade. Se a tudo isto juntarmos as afirmações da embaixadora americana Nikki Haley – “A ineficiência e gastos extraordinários da ONU são bem conhecidos. Já não vamos permitir que a generosidade dos americanos seja aproveitada” – percebe-se bem, a forma como o principal financiador vê a inércia da organização.
Em vez de lamentar e mostrar a sua preocupação pelo estado das finanças das Nações Unidas, o seu secretário-geral tem de perceber o que leva a que os países não contribuam, ou mesmo que fujam da organização. Qualquer dador quer ver eficiência, eficácia e obra feita com as suas doações e parece ser exactamente aqui que está a génese de toda esta difícil situação.
Mais que a qualquer outro, cabe ao secretário-geral fazer uma reforma profunda na organização, que a torne mais eficaz, menos burocrata, mais eficiente e capaz de resistir a pressões vindas de onde vierem. Recordo que no início do seu mandato muito prometeu nesta matéria da reforma, mas passados que estão dois anos sobre a sua tomada de posse, está tudo quase na mesma.
A principal reforma da organização tem de ser ao nível de quem lá trabalha. É necessário cortar pela raiz privilégios; substituir acomodados por pessoas que estejam habituadas às grandes exigências e ao cumprimento de robustos objectivos na sua vida profissional; acabar de uma vez por todas com a ascensão de quem já está na organização (central e agências) e daqueles que frequentam os corredores do poder (ex: ministros, embaixadores e quejandos). Outrossim, dando oportunidade àqueles que, na sua vida profissional privada, demonstraram ser líderes na gestão de projectos muito importantes não só na dimensão mas também no alcance.
Sem esta importante reforma, onde os dadores consigam ver a boa aplicação das suas doações, as Nações Unidas irão afundar-se mais a cada dia que passa. E o secretário-geral, por sua vez, terá cada vez mais presente aquela noite de 16 de Dezembro de 2001, em que “reconheceu com inteira lucidez, se não se demitisse, o país cairia inevitavelmente num pântano político”.
Sou o primeiro a lamentar esta situação, mas não se me afigura que o secretário-geral tenha o “golpe de asa” que a organização necessita para que a situação possa ser invertida.
Nota: Está a ser cada vez mais patética a posição dos diversos sindicatos dos docentes portugueses, com a exigência da contagem do tempo integral de serviço. Na crise todos perdemos! Acaso estes senhores se recordam dos milhares de portugueses que perderam o seu emprego e que já não conseguiram voltar ao mercado de trabalho? Francamente…
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.