Recentemente, assistimos a uma multiplicação de propostas e medidas relacionadas com a Inteligência Artificial (IA) nos programas eleitorais de praticamente todos os partidos políticos.

Entre elas, está a aposta na educação e qualificação dos portugueses em competências tecnológicas e digitais; a integração de ferramentas de IA na Administração Pública, no Serviço Nacional de Saúde e na Investigação; a implementação da estratégia digital da União Europeia, no domínio da IA; ou a criação de uma Agência Nacional para a Inteligência Artificial.

Embora o reconhecimento da importância da IA seja desde logo positivo, é importante que estas propostas não sejam meras bandeiras eleitorais, mas sim que se traduzam em ações concretas.

A IA não é só uma ferramenta tecnológica: é uma força transformadora que já se encontra a evoluir indústrias, a impulsionar a eficiência e a fomentar a inovação. A IA não é o futuro, é o presente. Por isso, é importante que o compromisso com a IA ultrapasse as fronteiras partidárias e seja assumido como uma prioridade nacional. Independentemente da sua cor política, o próximo Governo deve integrar a IA na sua agenda de forma significativa, garantindo que Portugal não só acompanhe, mas também lidere a revolução tecnológica global.

É essencial estabelecer um ecossistema de IA que apoie empresas com investimentos substanciais em investigação e também criar incentivos para a inovação e colaboração entre o setor público e privado. Além disso, a formação e a educação em competências digitais devem ser ampliadas, preparando os jovens estudantes, mas também os trabalhadores no ativo, para os desafios e oportunidades que a IA traz.

A par destas medidas de caráter mais económico, devem ser abordadas as implicações éticas da IA, assegurando que a tecnologia seja desenvolvida e aplicada de forma responsável e sustentável.

A transparência e o diálogo aberto entre os decisores políticos, as empresas, a indústria, a academia e a sociedade são fundamentais para garantir que as políticas de IA sejam bem informadas e alinhadas com as necessidades. A IA não deve ser uma questão exclusiva de especialistas ou elites tecnológicas: deve ser um campo de interesse e participação pública.

Independentemente de quem ganhe as eleições, é crucial que Portugal integre a IA como uma ferramenta de progresso económico, mas também como um meio de promoção de bem-estar e inovação sustentável.