A Madeira vai a eleições, outra vez. Será a terceira vez que os madeirenses e porto-santenses serão chamados às urnas em menos de ano e meio, o que quer dizer que a região autónoma tem vivido todo este tempo em acesa campanha eleitoral e assim vai entrar no novo ano.

A moção de censura apresentada pelo Chega, partido que até agora se abstinha e sustentava o governo minoritário do PSD/CDS-PP, vai teimosamente só ser votada a 17 de dezembro, fazendo com que as decisões políticas se mantenham em suspenso, mas permitindo que se discuta um orçamento regional que ninguém sabe quem concretizará. Não há programa de governo que resista a isto e começa a não haver quadro político que suporte tanta tática. Só não é trágico porque a administração vai funcionando sozinha.

Nesta altura, Miguel Albuquerque é uma ilha, rodeado por casos judiciais por todos os lados e deslocado na relação com uma oposição que se tornou maioritária, o que na ótica social-democrata, pelo histórico do partido regional, se considera uma singularidade.

Há muito que a questão de Albuquerque deixou de ser de legitimidade ou de presunção de inocência e de como devem os indivíduos reagir aos diferentes passos de um processo judicial, para se tornar uma questão política efetiva. Quando se está cercado e maniatado na ação governativa, quando todo o contexto se sobrepõe à gestão do interesse público, atropelando-o, a questão é política. E vai ser, também, de sociedade, de quanto tempo mais os eleitores conseguirão tolerar este circo sem reação, sabendo-se, pelos resultados eleitorais e pelas sondagens, que ninguém os entusiasma.