Em várias conversas recentes com figuras proeminentes do sistema de ensino superior português, fiquei impressionado com o seu quase generalizado apreço pelo ensino superior britânico, atenuado pelas muitas perguntas sobre o contexto atual e futuro de cooperação e colaboração, após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

Sem dúvida que a alteração do estatuto dos cidadãos da UE que pretendem estudar no Reino Unido teve um impacto negativo no número daqueles que optaram por estudar nas nossas muitas universidades excelentes. Portugal não é exceção. Após vários anos em que o número de estudantes portugueses aumentou de forma contínua, nos últimos dois anos passou a acompanhar a média da UE com cerca de 50% de redução na aprovação de candidaturas.

Apesar desta tendência, muitas universidades do Reino Unido conseguiram atrair muitos estudantes de outras partes do mundo e, na verdade, o número total de estudantes internacionais aumentou em média durante esse período.

Por detrás dos números, o valioso contributo que os estudantes e académicos da UE têm dado, e continuam a dar, à vida académica e socioeconómica do Reino Unido, e os laços vitais que o estudo no estrangeiro pode criar, continuam a ser cruciais. Muitas das principais figuras portuguesas da política, economia, ciência e artes estudaram nas nossas universidades e continuam a sentir uma ligação forte à sua alma mater e ao Reino Unido.

O trabalho desenvolvido pela Embaixada em Portugal com a rede de ex-alunos no Reino Unido (UK Alumni Network) tem realçado para mim não só a enorme riqueza de talentos em Portugal, mas também como estudar e viver no Reino Unido foi fundamental para desenvolver esse talento. À medida que o excelente sistema educacional português desenvolve os seus esforços de internacionalização, também estou confiante de que cada vez mais estudantes do Reino Unido verão Portugal como um excelente país para estudar.

Embora já não seja tão fácil para os estudantes portugueses poderem optar por estudar no Reino Unido, as nossas universidades continuam a trabalhar arduamente para garantir que o Reino Unido continua a ser um destino de escolha para os estudantes europeus.

Muitas universidades lançaram regimes de financiamento e bolsas de estudo e, em vários casos, encontraram formas inovadoras de manter as propinas para alunos da UE a um nível semelhante ao pago pelos estudantes do Reino Unido. Estão também a ser feitos esforços para esclarecer as novas regras em matéria de vistos e de financiamento, com os nossos colegas do British Council a lançarem programas de formação gratuitos para conselheiros e agentes educativos em toda a UE.

De um modo mais geral, as excelentes perspetivas de carreira, as taxas de conclusão de cursos sem paralelo e a gama altamente especializada de cursos universitários existentes fazem com que estudar no Reino Unido continue a representar uma boa relação custo-benefício.

Embora continuemos a esperar progressos rápidos na associação do Reino Unido a programas europeus, incluindo o programa de investigação Horizonte Europa, sinto-me confiante de que os fortes laços institucionais entre as instituições de ensino superior portuguesas e as suas homólogas do Reino Unido continuarão a crescer e a gerar novas oportunidades de colaboração bilateral. Esse é, sem dúvida, o nosso objetivo.