O sector dos edifícios, por si só, é responsável por 40% das emissões mundiais de CO2 para a atmosfera, 11% para a sua construção (7-8% só para o fabrico do cimento) e 29% para o seu funcionamento. Na União Europeia, o funcionamento é responsável por 36%.

As alterações climáticas estão diretamente ligadas com estas emissões (efeito de estufa), uma enorme responsabilidade do sector dos edifícios. Por outro lado, ainda há muita pobreza energética em toda a Europa e a solução convencional para esta seria aumentar ainda o consumo de energia de origem fóssil, provocando mais emissões e agravando a situação climática. Urge encontrar uma abordagem diferente.

As boas noticias é que existe uma panóplia de soluções a que podemos e devemos recorrer, quer em novos edifícios, quer na reabilitação/renovação dos existentes.

O primeiro passo é reduzir o consumo de energia sem perder conforto, através da suficiência energética. Isto passa por melhorar o isolamento, substituir janelas por opções mais eficientes (como vidro duplo) e controlar infiltrações de ar. Existem apoios da ADENE para estes investimentos.

Nas novas construções, é possível aproveitar melhor o sol e o vento para aquecimento, iluminação natural e ventilação. No inverno, o sol baixo aquece os edifícios, enquanto no verão pode ser bloqueado com sombreamentos. Esta abordagem, chamada arquitetura bioclimática, adapta os edifícios ao clima e ao ambiente envolvente.

Depois, importa recorrer à chamada eficiência energética, isto é, utilizar equipamentos com rendimentos elevados, os que são capazes de fornecer os mesmos resultados (conforto) com menor consumo energético.

Para construir melhor, os custos aumentam, mas a habitação em Portugal já é demasiado cara. Como resolver?

Uma solução é reduzir a carga fiscal sobre os edifícios, que pode chegar a 40%. Outras medidas incluem baixar o custo dos terrenos (nova lei dos solos?), agilizar licenciamentos e permitir mais construção em altura.

Além disso, é essencial apostar na eficiência energética, usando equipamentos mais eficientes que garantem o mesmo conforto com menos consumo.

Uma medida essencial é a eletrificação total do setor, eliminando o recurso ao principal combustível fóssil – gás – e aumentando a contribuição das energias renováveis para uma eletricidade de “zero emissões”. Esta solução beneficia todos os edifícios, novos e antigos, ajudando Portugal a atingir as metas europeias antes de 2050, sem exigir um grande investimento na renovação do parque habitacional.

Atualmente, cerca de 60% do parque habitacional tem uma classificação energética baixa (C ou inferior). Hoje, já não é possível vender ou arrendar casas sem certificado energético e, em breve, será obrigatório melhorar essa classificação antes da venda.

Além disso, a banca está condicionada a apresentar um portefólio mais verde e a praticar o que se designa por sustainable finance. Isso vai contribuir para o sector evolua na boa direção através da valorização crescente de imóveis sustentáveis.