No contexto atual do setor das telecomunicações é da maior importância entender e gerir os novos cenários de risco, mas acima de tudo, chamar à responsabilidade as funções de Governance, Risk & Compliance.

 

A relevância do setor para a sociedade
As empresas do setor das telecomunicações são, invariavelmente, reconhecidas como um dos motores das sociedades mais resilientes e inovadoras em todo o mundo, tendo vindo a desempenhar um papel vital na resposta à atual crise pandémica.

É sentimento generalizado de que as redes de telecomunicações foram basilares para que os portugueses cumprissem o seu dever de confinamento, tendo as operadoras unido esforços e mostrado agilidade, resiliência e sentido de responsabilidade para minimizar os impactos da pandemia.

Não obstante o compromisso evidenciado, há que ter em mente que as empresas do setor continuam focadas (e sob pressão) na melhoria do desempenho do seu negócio – através da aplicação de métodos e práticas processuais alternativas na manutenção das suas operações e da exploração de diferentes abordagens e novas oportunidades de negócio.

 

Riscos emergentes e forma de operar no “novo normal”
Se, por um lado, é crucial, neste contexto, imperar o pragmatismo, por outro prisma, não poderemos ser ingénuos ao ponto de desconsiderar as fragilidades (assintomáticas no curto prazo) que têm vindo a surgir no ambiente de controlo interno das organizações. Refiro-me, por exemplo, ao facilitismo na tomada de decisão, à falta de revisão e supervisão de alterações nas políticas, normas e procedimentos, bem como a falta de escrutínio por parte das funções internas de Governance, Risk & Compliance.

Se refletirmos sobre a forma como este paradigma acaba por se traduzir na operacionalização dos processos, a forma como o negócio é protegido (ou negligenciado) e o que acarreta na mudança no cenário de exposição ao risco, torna-se evidente que o espetro de avaliação do risco precisa agora de ser radicalmente mais abrangente e diferente de anos anteriores.

 

A importância de entender e gerir os novos cenários de risco
Perante cenários instáveis e complexos, as funções de Governance, Risk & Compliance, no seio do setor das telecomunicações, tornam-se ainda mais prementes. Todavia, não poderemos ignorar as dificuldades que estas funções atualmente enfrentam, seja ao nível da execução dos seus procedimentos de forma mais limitada (derivado do trabalho remoto), desafios tecnológicos, perfis dos colaboradores desadequados, seja derivado de eventuais restrições orçamentais.

Perante a importância de entender/gerir os novos cenários de risco, torna-se essencial:
1. Estabelecer/rever a framework de gestão de riscos numa perspetiva prática e acionável – começar por rever a tolerância ao risco da organização, acautelando a cobertura de temas sensíveis como por exemplo o balancear do risco/oportunidade dos investimentos na rede atual e no 5G.

2. Tirar partido da utilização de novas tecnologias, automação e análise de dados -implementar alarmística para uma monitorização contínua dos riscos e da efetividade das medidas de controlo.

3. E, acima de tudo, manter a gestão de topo e os diretores de primeira linha informados sobre os riscos emergentes e efetividade do programa de gestão de riscos perante a crise.

Estamos cientes que as organizações melhor preparadas na gestão do risco sairão reforçadas e vencedoras no pós-crise. Como tal, independentemente das dificuldades e desafios que estas funções internas enfrentam, este é o momento de serem chamadas a atuar, diria mesmo, chamadas à sua responsabilidade, e mais do que nunca, contribuírem ativamente na resposta perante a necessidade de proteger o negócio e manter a confiança ao longo da disrupção.