Cada vez mais os investidores reconhecem que as alterações climáticas são uma crise global, que ameaça o ambiente, e consigo o futuro da nossa sociedade e economia. Neste sentido, os últimos anos têm visto passos importantes para a adoção de políticas climáticas que tenham um impacto positivo, com vista atingir objetivos de emissões net-zero até 2050.
A pergunta que se coloca é: qual o papel dos gestores de ativos neste processo de descarbonização?
É importante destacar a iniciativa The Net Zero Asset Managers, uma associação criada em 2020 com o propósito de que os gestores de ativos consigam carteiras livres de emissões através do envolvimento direto com as empresas que integram os seus portfólios e estratégias.
O sentido de responsabilidade em relação à descarbonização é bem evidente com o sucesso deste movimento, que já conta com mais de 300 membros e representam cerca de 59 mil milhões de euros de ativos sob gestão.
Contudo, é preciso continuar a diversificar neste âmbito, para se conseguir a inclusão do máximo de empresas possível rumo a um objetivo global. Para atingir zero emissões é preciso ter em atenção que não se deve evitar nem excluir. O que se quer dizer com isto é que, seguindo um curso natural de pensamento, a tendência natural é para um desinvestimento em empresas que não apoiam a transição climática.
No entanto, o envolvimento com as mesmas por parte dos gestores de ativos é uma parte fundamental no processo de descarbonização, visto que é através destas mudanças que ocorrerão as reduções mais significativas das emissões de carbono. Costumo referir que é fácil ter uma pegada de carbono baixa, se for oferecida uma carteira com menos emissões de carbono aos investidores; só que, na realidade, esta não teria um impacto significativo no desejo de promover a mudança e alcançar as metas a que o mundo se tem que propor.
Por último, destaco o papel de consultoria por parte dos gestores de ativos. É necessário perguntar aos clientes quais são as suas preferências em matéria de sustentabilidade e garantir que os produtos que oferecem vão ao encontro dessas, bem como dos objetivos financeiros e da tolerância ao risco. Com uma adaptação estratégica dos produtos financeiros a cada cliente, estamos também a alimentar um investimento mais responsável, sustentável e consciente.
Toda esta partilha de informação permitirá uma maior consciencialização em relação à ação que precisa de ser tomada; sobretudo quando, atualmente, a aplicação de critérios de baixas emissões já começa a ser identificada como fator de competitividade nas empresas e economias no geral.
Alinhados com as preocupações dos decisores políticos, os investidores têm tido um papel decisivo por começarem a compreender a gravidade da situação. Torna-se, assim, crucial que os gestores de ativos tenham a capacidade de manter contacto também com os grandes emissores para se conseguirem mudanças reais na transição para uma economia verde.