Vivemos tempos incertos e difíceis. A pandemia veio aumentar o prémio de risco por parte de todos aqueles que investem e desenvolvem atividades económicas.
É hoje mais difícil prever, a médio e longo prazo, a possibilidade de retomar em pleno as atividades económicas, qual o verdadeiro impacto desta travagem no crescimento, quais são as mudanças de comportamento que passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia e o seu efeito no funcionamento das atividades tal como as conhecíamos.
Vimos, infelizmente, muitas famílias portuguesas a serem obrigadas a recorrer às moratórias de forma a atenuar ou sobreviver ao impacto violento e inesperado que esta pandemia nos expôs.
Estamos todos seguramente mais prudentes, cautelosos e apreensivos.
Os sectores do imobiliário e da construção civil são, entre outros, sectores de uma enorme resiliência, que conseguiram criar as condições necessárias para que os agentes envolvidos pudessem continuar a desenvolver as suas atividades profissionais.
Não podemos esquecer que nestes sectores a manutenção da atividade aconteceu em grande parte devido ao esforço de investimento, quase imediato, na criação de novas soluções e ferramentas que vieram permitir ser viável e continuar as suas atividades.
São tempos onde a confiança nas pessoas, no seu know-how e empenho são fundamentais para se navegar em segurança, como menos riscos. Temos hoje nestes sectores pessoas mais preparadas e com mais conhecimento.
Esta vantagem deve-se, em grande parte, ao esforço de todos os intervenientes na última década em atrair mais investimento para Portugal, forçando a necessidade de investir em conhecimento humano.
Hoje os sectores da construção e imobiliário são mais sólidos, mais transparentes e mais competentes do que eram há dez anos.
Vivemos tempos atípicos e de pouca visibilidade no futuro, mas as oportunidades continuam a existir e é necessário agarrá-las.
Se por um lado existe alguma incerteza sobre o dia de amanhã, por outro lado, existe no mercado de capitais um excesso de liquidez disponível para investir.
A) As taxas de juro de referência continuam em mínimos históricos e com reduzida probabilidade de subida a médio prazo.
B) As injeções de capital efetuadas ou programadas pelos principais bancos centrais reforçam essa liquidez disponível.
C) O facto nos encontrarmos a meio de um ciclo de investimento dos principais intervenientes no nosso mercado, que se deparam com um decréscimo da concretização de operações previstas, nomeadamente algumas transações relevantes previstas para 2020, veio aumentar a pressão de investir dentro do ciclo de investimento acordado entre os asset managers e os investidores.
Não obstante as oportunidades, as ameaças recorrentes limitam a confiança do investimento em Portugal. Nomeadamente, assistimos a uma crítica aos lucros que os promotores e investidores neste sector por vezes conseguem atingir, assim como assistimos a sucessivas alterações legais e fiscais que mudam de forma significativa a estrutura de uma operação, penalizando por regra o investidor.
Este facto por um lado afasta os investidores de médio prazo e com prémios de risco inferiores e simultaneamente potencia a entrada de investidores que aceitam mais risco, mas necessitam de prémios de risco mais elevados.
Parte desta liquidez existente está disponível para investir no sector do imobiliário, sendo obrigação dos intervenientes neste sector não perder a oportunidade de captar o maior volume de investimento possível.