Muitas grandes empresas serão impactadas em 2025 pela obrigatoriedade de, em 2026, produzirem um relatório de sustentabilidade tendo de seguir normativos europeus para esse fim. Algumas PME, e apesar de não serem obrigadas a reportar, também já sentem a necessidade de apresentar boas práticas e indicadores, pois os seus clientes empresariais já solicitam por essa informação nos cadernos de encargos.
Um conselho: não se deve ver estes temas apenas como o cumprimento com uma Diretiva, mas também como uma componente dos processos de inovação de qualquer empresa.
Umas das teorias diz-nos que existem os 4 P da inovação são: Produto, Processo, Posicionamento, Paradigma. A integração dos 4 P da inovação pode ajudar as PME a alcançar a sustentabilidade e melhorar sua competitividade.
A inovação do Produto envolve a criação de novos produtos ou a melhoria de produtos existentes; como tal as PME podem incorporar a sustentabilidade em seus produtos, considerando aspetos como a eficiência de recursos, a redução de resíduos e a utilização de materiais sustentáveis. Por exemplo, uma empresa de calçados pode usar solados feitos de materiais recicláveis e/ou produzir sapatos totalmente provenientes de materiais já usados anteriormente.
A inovação do Processo refere-se à melhoria dos processos internos de uma empresa. As PME podem adotar práticas sustentáveis em suas operações, como a implementação de sistemas de gestão de resíduos, a redução do consumo de energia e a adoção de tecnologias limpas. Mas podem também desenvolver sistemas de recolha de informação ESG, processos para o cálculo da pegada de carbono, processos para identificar a necessidade de alinhar os seus investimentos de expansão com a taxonomia, processos para elaborar um relatório de sustentabilidade, entre outros!
A inovação do Posicionamento implica a alteração da forma como um produto ou serviço é apresentado no mercado. As PME podem-se posicionar como empresas sustentáveis, comunicando aos consumidores e parceiros de negócios seus esforços em direção à sustentabilidade. No entanto para isso devem obviamente ter uma estratégia de sustentabilidade, um plano de ação concreto e uma equipa interna responsável pela sua implementação. Deverão também obter uma certificação, como a B Corp, ou algum scoring ESG, de forma a poderem comunicar de forma mais explícita e clara o seu posicionamento.
Assim, qualquer empresa que inicie agora esta caminhada pode sentir-se perdida com tanta exigência de reportar algo que ainda não se tem. No entanto é importante fazer esta ligação entre ESG e Inovação, e chamar uma equipa multidisciplinar para trabalhar o tema. Se não tiver recursos – no caso das PME, existem ótimos alunos finalistas que teriam todo o interesse em fazer um estágio profissional neste tema. Não é esperado que todos os indicadores materiais possam ser reportados no primeiro ano. A Diretiva dá essa abertura. Há que fazer a análise da dupla materialidade, e depois mostrar os indicadores existentes e apresentar uma estratégia e um plano para a evolução futura.
Sim, há muita regulação que vem exigir uma forma nova de gerir empresas. Mas, com bom senso e sentido estratégico, esse contexto pode promover eficiências na empresa, inovação e o reforço da cultura empresarial. Há que saber aproveitar e não dramatizar.