A aplicação da Inteligência Artificial (IA) está a transformar a nossa sociedade e a redefinir o que significa ser “pessoa” neste mundo. As tecnologias emergentes sustentam a fusão do mundo físico e digital, enquanto promovem o aumento artificial da inteligência humana.

Todas as grandes empresas de tecnologia (Microsoft, SAP, IBM, Amazon, Google, entre outras) consideram a IA como uma das principais áreas de foco nos próximos tempos. Há também um grande investimento por parte de muitos estados soberanos. Ainda assim, a primeira e única coisa que vem à mente de muitas pessoas quando ouvem as palavras “Inteligência Artificial” são filmes como o “2001 – Odisseia no Espaço”, “Terminator”, “Matrix” ou “AI – Inteligência Artificial”.

Como podemos lidar com esse receio? Como podemos ter certeza de que a inteligência artificial continua a ser uma força para o “bem”, uma força que melhorará o nosso planeta, as nossas vidas e a nossa sociedade?

Tem havido muita discussão sobre IA e as potenciais consequências nas nossas vidas e na sociedade. Foram projetadas imagens de um mundo maravilhosamente automatizado ou de um pesadelo distópico. Cientistas contemporâneos como Stephen Hawking alertaram sobre as possíveis consequências: “As formas primitivas de inteligência artificial já provaram ser muito úteis, mas acho que o desenvolvimento de uma inteligência artificial completa pode acabar com a raça humana” (declarações à BBC, em dezembro de 2014).

As preocupações são muitas e de várias naturezas e ultrapassam a mais discutida nos últimos tempos: o desemprego tecnológico, como as questões mais intrínsecas da existência humana: o desejo de poder, os sentimentos, a empatia e compaixão por outros seres, a relação com o transcendente, entre outros.

É importante ter em mente que não queremos uma relação de competição: “homem vs máquina”, mas sim uma relação de colaboração, mas será que a sociedade conseguirá controlar isso?

Existem alguns princípios que devem ser observados por todos. Uma base serão as três Leis de Isaac Asimov (1942) para a robótica que poderão servir para um tratado global para a conceção e integração da inteligência artificial na sociedade.

Fizeram-se tratados e convenções de consenso generalizado, como as Convenções de Genebra que regulam assuntos tão complexos como a guerra. Há quem advogue o mesmo tipo de tratado para a utilização da inteligência artificial na sociedade e estabelecer os limites do seu uso. Ou seja, as nações poderão acordar um conjunto de princípios universais e criar uma entidade reguladora que os monitorize mas não reduza o potencial de desenvolvimento e aplicação da inteligência artificial na sociedade.

Termino com uma afirmação de um dos pensadores relevantes sobre este tema: “O mais seguro é tornarmos as máquinas mais inteligentes e não menos” (Pedro Domingos, “A revolução do Algoritmo-Mestre”, 2017)