No passado dia 24 de abril, no Air Park em Lincoln, no Nebraska, deu-se o mais importante acontecimento social, económico e político desde que os americanos se livraram de Trump, que estava colado à Casa Branca como lapa à rocha. Foi o dia da Luta dos Joshes. Começou com um meme da internet, posto online a 24 de abril do ano passado por Josh Swain, estudante de engenharia civil de Tuckson, no Arizona.

Irritado por estar confinado e não poder sair de casa, descobriu que havia um monte de Josh Swains nos Estados Unidos e resolveu desafiá-los: juntavam-se todos um ano depois e lutavam; quem ganhasse continuava a ser Josh, os outros mudavam de nome. Assim Josh seria único. Tinham um ano para se prepararem. Para a ocasião Josh lançou duas campanhas: uma de fundraising, em prol do Children’s Hospital & Medical Center de Omaha, outra para recolha de alimentos, para o Banco Alimentar de Lincoln.

A Luta de Joshes juntou mais de mil participantes, dos quais uma cinquentena de Joshes. Lutaram num pedra-papel-tesoura de Joshes, seguido de uma batalha de ‘pool noodles’, travesseiros flutuantes de piscina em espuma, cilíndricos, que chegam a ter um metro de comprimento e um palmo de diâmetro. No fim, uma batalha geral de ‘pool noodles’, aberta a não-Joshes.

Participaram o Homem-Aranha e vários cavaleiros Jedi, se bem que entre eles não se contassem Luke e Anakin Skywalker, presumivelmente por não se chamarem Josh. No final da Luta foi declarado vencedor Josh Vinson Junior, de quase cinco anos de idade, uma espécie de Greta Thunberg da Luta, só que bem-educado, e que ganhou o cognome de Josh Pequeno.

A 25 de abril estava tudo terminado. Por cá, o Parlamento reunia e, como de costume, discursava. Palavras. Josh Pequeno, apesar da tenra idade, lutava pelo direito de continuar a ser Josh, um defensor do direito inalienável de cada um de nós ao seu nome. Não se deixou intimidar pelo Lado Mau da Força, lutou e venceu. A ver se o nosso Parlamento foi capaz de fazer uma luta de cravos, vermelhos, brancos, um preto para André Ventura.

Os debates parlamentares haviam de ser assim, batalhas de almofadas de penas, com alcatrão à mistura para animar. Seriam muito mais vivas e mobilizariam muito mais os portugueses que discursos enfadonhos para adormecer deputados. O Governo teria que criar um apoio para os senhores da linguagem gestual do canto do écran, que iriam para o desemprego, mas o que é isto face ao interesse pela política que seria ganho junto dos portugueses?

Recuperar-se-ia o dinheiro nos direitos televisivos e a ocupação do prime time, apesar da oposição certa dos clubes de futebol. E os plenários seriam mais igualitários, de almofada na mão a Joacine não seria discriminada. E seriam mais úteis que qualquer debate parlamentar – a Luta de Joshes juntou 12 mil dólares para o hospital e 90 quilos de géneros para o Banco Alimentar.