O rumo não é de reinventar novos direitos, porém de continuar a lutar pela feitura regular e regulamentar dos já existentes, que não são de agora nem de há décadas mas que remontam a 2.025 anos atrás, em termos identitários e matriciais judeo-cristãos, vinculadores dos princípios e valores humanistas de ouro e vindouros.

É certo que no aprumo deste rumo apraz (re)ver, obrigatória e eficazmente, que métodos e dinâmicas devem vestir os direitos que urgem restabelecer e permanecer no mundo local e global em que vivemos, para revestir a pessoa da sua natural e fundamental dignidade, liberdade e felicidade, por vezes tortas nos seus direitos, à margem da tão desejada corresponsabilidade e igualdade entre a justa paz e a pacífica justiça, assentes na ação do eterno amor (na sua motivação, manifestação, concretização, dedicação e solidificação).

Nunca efémero, todavia desde sempre, neste presente e para sempre! Neste rumo urge arrumar sem peias o que não funde e difunde os Direitos Humanos (DH), mas que confunde e desvia da via certa! É com esta determinação, que nos envolve e desenvolve, que eles jamais definharão, mas se sublimarão.

Ainda hoje existem regimes repressivos e totalitários, enchentes de fundamentalismos, que desencadeiam uma série de violações/negações dos DH. Os contextos de outrora (missões nas conquistas e colonizações, escravatura, racismo e Apartheid, cismas e heresias, máfias, …) que convencionaram a DUDH têm o seu tempo, embora ainda atravessem o nosso espaço físico e temporal, ajustados aos novos surtos que rompem o mundo e irrompem em mais contravalores e em anti-vidas: terrorismo, criminalidade e insegurança, discriminação migratória, analfabetismo e iliteracia, tortura e opressão, mortandade atroz (suicídio, homicídio, genocídio, feticídio, infanticídio, liberticídio…), indiferença e libertinagem feroz, etc..

Numa entrevista coletiva que fiz em 2005 interrogava sobre “o que fazer para que os DH sejam sempre e realmente cumpridos?”. Recordo algumas respostas recebidas, que continuam atuais: – “o mundo está em perfeita alteração de todos os seus valores, que deveriam ser repensados, como o bem e o mal. (…) A gente nova tem de pensar num mundo novo” (A. Bessa-Luís); – “a questão da liberdade não se conciliou, até agora, com a justiça: onde há uma não existe a outra. Que fazer? Juntar Marx a Rimbaud: o 1º, queria transformar o mundo; o 2º, mudar a vida” (Baptista-Bastos); – “enquanto houver morte do homem pelo homem tudo o mais é ilusório e os DH estão, à partida, condenados ao insucesso” (Daniel Serrão); – “as pessoas ainda não entenderam que quando têm um direito têm um dever” (Feytor Pinto); – “a única forma de serem cumpridos é o arrependimento e a conversão de vida” (J. César das Neves); – “quando o homem não for lobo do homem, quando for mais importante dar que receber e ser do que ter” (Júlio Couto); – “resulta muito da forma como convivermos e da forma como educarmos” (Júlio Isidro); – “enquanto o dinheiro for a diferença do principal, os DH continuarão a ser desrespeitados” (Luís Aleluia); – “há um jogo de muitos interesses (…) é difícil vencê-los, porque estão sobrecarregados de muita força e poder” (Manoel d’Oliveira); – “faz parte da natureza humana a violação desses Direitos, desde os tempos mais remotos do Génesis (…) é sempre um horizonte para que se tende e não um horizonte que alguma vez se venha alcançar” (Mário Cláudio); – os DH não serem respeitados “deve-se à sociedade humana não ser perfeita e o mundo, apesar de avanços significativos, não ter atingido os níveis de integração e harmonia desejáveis” (Roberto Carneiro); – “não haverá humanidade enquanto não houver reconhecimento destas prerrogativas de toda a pessoa” (Vítor Melícias).

Ora, com tudo isto, “nem a unidade fica molestada pela diferença, nem a diferença fica aniquilada pela unidade”, por isso, temos direito à diferença e essa diferença são os DH, são os Valores e é, de facto, a ação (com coração e coroação) de tantas coletividades mundiais.andré