No passado dia 30 de janeiro os portugueses saíram de casa, em força, para participar nas eleições legislativas. Quando a abstenção sobe de percentagem em eleições consecutivas, a descida da abstenção, em todo o território nacional – mesmo quando atravessávamos um período critico da pandemia – só pode ser sublinhada. A democracia demonstrou um grande sinal de vitalidade.
O resultado das eleições é muito claro no que concerne ao direcionamento que os portugueses querem para o país. O Partido Socialista (PS) venceu com maioria absoluta tendo, pela primeira vez na história da democracia, e a mero título exemplificativo, um partido vencido em todos os distritos de Portugal continental. É obra!
Uma análise sumária destes resultados demonstra, inequivocamente, como a abertura ao diálogo com a extrema-direita é “mortal” para partidos do espetro democrático. O exemplo alemão devia inspirar a nossa direita democrática. Em relação aos partidos à esquerda do PS, os mesmos não conseguiram antecipar cenários e continuam a insistir na estratégia de culpar os outros pelo erro político, de “deitar abaixo” um governo de esquerda, num tacticismo político difícil de compreender. A História e a Ciência Política são claras no resultado que esta decisão ia ter.
Mas, agora que são decorridos vários dias após estas eleições, é importante compreender que governar com uma maioria absoluta é uma enorme responsabilidade. Uma responsabilidade de diálogo permanente com todos. Os parceiros sociais, os restantes partidos da esfera democrática, as instituições de ensino, as ordens profissionais, os agentes de todos os setores são cruciais para as melhores propostas de políticas públicas e decisões.
Esta também é a legislatura que vai ter a responsabilidade simultânea de gerir o maior pacote financeiro de sempre (PRR, novo quadro comunitário e o atual), de combater as desigualdades, de melhorar continuamente os serviços públicos e responder aos desafios do fim da pandemia.
A maioria da responsabilidade que vai preparar o país para uma transição verde e digital e, simultaneamente, fazer as reformas nas políticas públicas e no sistema político, que são essenciais. Uma grande responsabilidade, que deve ter a premissa de levar o país a continuar a crescer e a convergir com os países mais ricos da União Europeia. Crescimento esse que deve ser assente na sustentabilidade e no aproveitamento dos nossos recursos, posição geográfica e nas nossas vantagens comparativas.
A maioria da responsabilidade será devolvida com trabalho, empenho, dedicação e proximidade, a quem confiou na estabilidade do país. Este é o grande desafio do futuro.