A “assustadora perspetiva” a que me refiro no título, não pretende dar sensacionalismo ao texto, mas sim expressar o que vejo, objetivamente. E faço-o com pena, porque Portugal não precisava nada de viver tumultos políticos e sociais como vemos noutros países. Sempre fomos de brandos costumes e poderíamos continuar a sê-lo, mas, claro, ser brando não é ser tonto, ignorante ou insensível.
Mesmo sabendo que na vida tudo se resolve, tudo se encaixa e mesmo as coisas difíceis, até caóticas, tendem a equilibrar-se, por vezes, esse equilíbrio, depois de umas quantas turbulências, acontece a níveis inferiores ao equilíbrio anterior.
Dito de outra forma, quando as situações turbulentas ocorrem e saímos do equilíbrio político, social, económico ou financeiro, o novo equilíbrio jamais será igual ao anterior. Com sabedoria e espírito patriótico, até se pode conseguir ficar melhor, mas, normalmente, o equilíbrio é feito a níveis mais débeis. Assim, se é verdade que as situações na vida tendem sempre para um equilíbrio, não é menos verdade que esse equilíbrio pode significar retrocesso, perda de qualidade de vida.
O futuro de Portugal pode estar debaixo dessa mira – um equilíbrio a piores níveis. Para além de termos uma complexidade para formar governo pós-eleições, o que me assusta verdadeiramente nem é isso. É a falta de uma convicção, uma determinação, uma visão para Portugal por parte de quem concorre à liderança nacional.
O que quero dizer com visão? Uma visão sobre, desde logo, a dimensão e propósito da máquina administrativa do Estado. Mas também sobre segurança, saúde, educação e justiça. É nisto que votamos, na gestão destas áreas e dos recursos alocados. Que Estado para Portugal?
E o leitor perguntará: e os impostos? Os impostos são a consequência do anterior dito. A visão para a estrutura do Estado vai levar a mais ou menos contribuições dos portugueses. O problema não são os impostos, mas sim o que leva à sua necessidade, por isso não adianta dizer que se vai baixar este ou aquele imposto sem dizer como. Este Portugal tem uma máquina do Estado pesadíssima e por isso precisa de muitos impostos. Os impostos para pagar todo um sistema de gestão do Estado que vem engordando a cada ano, a cada legislatura, cheio de ineficiências e frustrações.
O susto vem daí! Ou se governa com o propósito de enriquecer os portugueses ou vamos evoluir no empobrecimento. Se pagamos impostos, sobra menos para as famílias. É assim.
E sobre os protagonistas? O PS quer centralizar ainda mais. É a saúde, é a TAP, é a Efacec, é os CTT, enfim, o PS quer ter tudo debaixo da alçada do Estado como se “quisesse os brinquedos todos só para si”. Para o PS o Estado é tudo e todos dependem do Estado. É uma ditadura dissimulada pela pobreza e dependência.
E sobre o PSD? Parece haver receio em apostar nele, mas, sinceramente, não vejo porquê? Governou muito menos tempo que o PS, nestes últimos 40 anos, é verdade, mas nunca criou nenhuma situação de calamidade económica ou financeira. O tema Troika surgiu por via da “falência socrática” e, quanto aos restantes períodos, parece-me factual que em Governos do PSD o país andou francamente em frente.
Enfim! Estamos numa zona de muito perigo. Um passo mal dado e podemos ter uma gestão assustadora da nação portuguesa. Está na hora de nos consciencializarmos do que queremos. Mas, atenção, não creio ser possível reformar o sistema de gestão do Estado sem uma sólida e ampla maioria política à direita, seja como for. Uma direita que se una em torno de um propósito comum – alivar a carga burocrática e fiscal dos que vivem em Portugal.