Tenho por hábito referir que devemos criar modelos simples para começar a entender o mundo complexo em que vivemos. É por isso que costumo transmitir uma empresa como uma simples função matemática do tipo “f(x)”. Aí temos, de uma forma simples, uma visão de que existe um conjunto de inputs, nomeadamente matérias-primas, recursos humanos, financeiros e logísticos, entre outras variáveis de entrada, dando origem a outputs que são na realidade os produtos e serviços entregues ao mercado.

Se analisarmos um pouco mais aprofundadamente, ou seja, entrarmos na análise do f(x), entendemos que existem outros f(x) nas unidades de negócio, outros f(x) nos departamentos e outros f(x) nos colaboradores, entre outros. Neste sentido, a empresa será tanto melhor quanto melhor for o seu valor acrescentado, o que matematicamente se pode resumir à otimização da empresa como a derivada do seu f(x), isto é, o f’(x) global.

Se entendermos a empresa desta forma, começamos a procurar estruturar os conceitos de otimização interna e posicionamento no mercado, através da identificação das variáveis e dos seus comportamentos.

Assim, a competitividade da empresa será tanto melhor, quanto melhor a liderança da empresa conhecer o seu f(x) e todas as variáveis inerentes aos seus processos. Para isso, deverá aplicar duas leis da gestão comum: “gerir é medir” e “o que não se mede não existe”!

Quais são os desafios? Saber o que medir e medir efetivamente. Só desta forma um gestor conseguirá garantir mais resultados, isto é, ser mais eficaz, e garantir melhoria contínua dos seus processos, ou seja, ser mais eficiente.

Para tal, há um conjunto de desafios inerentes a ultrapassar, dois dos quais complexos. Um que existe desde que existe vida humana no planeta Terra, e que é a gestão de recursos humanos, e outro, que é bem mais recente, que é o de transformar digitalmente os seus processos.

Os estudos sobre gestão de recursos humanos são muito aprofundados, mas ainda não existe uma fórmula matemática de controlo simples de garantia de sucesso, nem de capacidade de replicar a fórmula. Há um conjunto de boas práticas, as quais vão evoluindo também de acordo com a evolução da espécie humana, de onde se destacam o modelo e estilo de liderança, a estrutura de incentivos, o aditivo da cultura com identificação clara de propósito e visão da empresa, entre outros.

A Transformação Digital é um desafio bem mais recente, que se tornou possível pela maturidade tecnológica a que começamos a assistir, o que se traduz no acesso facilitado, “à distância de um clique”, a plataformas tecnológicas capazes de transformar a forma como as empresas fazem o seu f(x) de entrega dos seus produtos e serviços.

A Transformação Digital permite-nos garantir a máxima “gerir é medir”, dado que tudo na tecnologia é um sensor. Um sensor produz dados, que se transformam em informação e esta em conhecimento. Desta forma, é possível entender onde poderemos tornar a empresa mais eficiente e eficaz. A realidade é que a Transformação Digital no seu ponto ótimo consegue fazer tudo isto em tempo real e alcançar o topo da pirâmide que é a sabedoria.

Saber transformar digitalmente uma empresa não é ainda para todos, mas estou certo que aqueles que o souberem fazer e mudarem os seus processos, são aqueles que sobreviverão nesta evolução da espécie “empresa”. E você, já entendeu como fazer a derivada digital do f(x) da sua empresa?