Para lá da crise política, há algo que já satura todos os portugueses. É o regresso em força de virologistas, epidemiologistas, matemáticos e veterinários, sendo que muitos deles já provadamente receberam de farmacêuticas, a todas as televisões.
Para lá da pandemia em si, que mudou o mundo e a nossa forma de viver nele, esta é a maior praga contra a saúde mental das pessoas.
Estes ditos doutos cientistas, na enorme maioria dos casos, não sabem minimamente nada sobre o vírus e a sua evolução e andam há dois anos a perorar, com mais sorrisos Pepsodent ou vestindo a pele de terríficos Nostradamus, sobre soluções das quais não são donos da razão e o que todos vemos é que, apesar das vacinas, a situação não está a melhorar e o mundo atinge novos “records” de infectados. E assim regressam ao palco mediático autoridades de saúde.
A percepção que se cria, e que hoje é generalizada, é que nunca mais sairemos disto e pelo menos em todos os invernos teremos a quase certa sina dos confinamentos.
Tudo isto e mais uma série de histórias da carochinha narcotizam os portugueses em relação aos temas que verdadeiramente interessam. Por exemplo, com o anúncio de novas eleições, zaragatas dos chefes no PSD e CDS e alarmes a tocar por uma 5ª vaga de Covid-19, em que ponto se encontram alguns processos judiciais?
Nem falo da ‘Operação Alzheimer’ de Ricardo Salgado, apesar da prática de educação física em grande forma como retratou esta semana a capa do “Tal&Qual”, nem de João Rendeiro que continua a monte, como se não fosse possível a uma polícia competente e profissional detectar os seus movimentos.
Temos processos judiciais silenciados e tudo sem andar como interessa aos poderosos. Do caso de António Mexia nunca mais se ouviu falar, Luis Filipe Vieira vai a Sesimbra comer peixinho com o filho e vemos por reportagem da SIC que era um testa-de-ferro que recebeu em créditos do BES mais de 700 milhões de euros (entre as suas empresas e Benfica durante 12 anos), Aprígio Santos já deve andar de chapéu de cowboy outra vez, Joe Berardo também saiu da agenda mediática…
Todos têm direito à presunção de inocência, mas a evidência, pelo menos, é que estão todos soltinhos enquanto a comunidade está presa e obrigada a pagar os buracos de muitos negócios ruinosos.
Outro tema que agora tem passado ao lado, a TAP. Todos sabemos o caminho trilhado por Pedro Nuno Santos. Podemos discordar dele, mas pelo menos há uma linha de rumo clara, corajosa pelo risco que comporta. Agora, se o PSD ganhar eleições, qual a opção de Paulo Rangel ou Rui Rio? Os portugueses sabem com o que contam? Não, não sabem. Quando é que perguntam a ambos o plano para a nossa companhia aérea de bandeira?
A mim, e julgo que à maioria dos portugueses, pouco importa se Rangel é homossexual ou se Rio passa mais tempo na sua casa do que na São Caetano, é fulcral que a irrelevante espuma das ondas noticiosas dê lugar ao que importa. E, já agora, que afastem o enxame de virologistas a toda a hora nas televisões portuguesas.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.