Não obstante uma maior dotação orçamental, há a consciência, nas palavras do Ministro da Saúde, de que é necessário racionalizar e premiar as boas práticas. Apesar de uma maior dotação orçamental, é certo e sabido que continua a não chegar para fazer face às necessidades do SNS.

Sobre os sistemas de saúde em todo o mundo é afirmado que sofrem todos de ineficiências. Não há dúvida que o sistema de saúde em Portugal não é exceção.

Diferentes estudos sobre vários sistemas de saúde apontam para montantes elevados de desperdício na ordem dos 20% a 40% dos custos. Já em 2011, no relatório do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, se estimava a possibilidade de reduzir os custos do SNS em 10%. Mais recentemente, um relatório da OCDE de 2017 apresentado em Londres aborda especificamente o desperdício na saúde.

Mas como eliminar então o desperdício? Utilização de software de robotização, reorganização do trabalho, eliminação de consumos de bens e serviços desnecessários, adequação das especialidades disponibilizadas, etc., são apenas alguns exemplos de áreas onde se pode combater o desperdício e com impacto no curto prazo.

Portugal tem uma população cada vez mais envelhecida e também cada vez mais necessitada e exigente relativamente aos cuidados de saúde. E esta realidade tem-se refletido na crescente despesa em saúde (atualmente em cerca de 10.000 milhões de despesa corrente pública e cerca de 6.000 milhões de despesa corrente privada), com um sector de saúde público caracterizado por uma situação deficitária crónica.

E então o que se pode fazer? Análises, estudos e relatórios não têm faltado. Neste contexto de pressão financeira, as gestões dos hospitais do SNS esforçam-se por encontrar soluções criativas para controlar custos, enquanto mantêm a qualidade, procuram satisfazer os utentes e reter o talento dos profissionais nos seus serviços. A eliminação do desperdício é uma preocupação que está na agenda da gestão hospitalar. Falta passar à ação e o quanto antes. A bem de todos.