Iniciaram-se terça-feira passada as audições aos visados no âmbito da nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Caixa Geral de Depósitos. Embora eu não integre a referida CPI, estando o CDS muito bem representado para o efeito pelo deputado João Almeida, tal não invalida que não faça aqui mais uma chamada de atenção para o que está agora em causa neste novo ciclo de inquirições e que, esperamos bem, sejam respondidas de forma esclarecedora para os cidadãos.

Esta CPI tem como objetivos apurar as práticas de gestão, mas também apreciar a atuação dos órgãos societários, ainda na sequência da já famosa auditoria levada a cabo pela EY (anteriormente Ernest & Young). Isto significa incluir não apenas as administrações, mas igualmente os conselhos de fiscalização e auditoria, diretores, auditores externos (como a EY) e supervisores, tendo em conta as atribuições e competências de cada órgão ou dirigente responsável nos diferentes pelouros. Mas, ainda e não é de somenos, averiguar as contradições entre as declarações proferidas publicamente em comissões parlamentares de inquérito anteriores e as informações do já mencionado relatório de auditoria da EY, nomeadamente sobre a concessão e renovação de créditos, bem como a avaliação do impacto destas práticas de crédito nas necessidades da recapitalização da CGD.

Foi nesse sentido que escrevi já nesta mesma coluna dois artigos expressando a minha preocupação sobre os caminhos que estão a ser seguidos pela instituição no que respeita à diminuição dos seus ativos fora de Portugal, nos PALOP em particular. Sei bem que a resposta que é dada é que isso foi uma contrapartida negociada para o refinanciamento da CGD pelas instâncias europeias, mas tal não invalida que seja indispensável concertar atitudes entre as más práticas do passado e as ações presentes e futuras com impacto no banco do Estado e, por inerência, na relevância da CGD para os muitos portugueses que são agentes económicos e residentes nesses mesmos países, onde se habituaram a contar com a Caixa como instrumento de apoio ao investimento e à poupança. António Costa, que tanto criticou Passos Coelho por não defender os interesses de Portugal na Europa, pelos vistos ficou calado e foi conivente com esta exigência europeia que compromete seriamente os interesses do país e das nossas empresas.

Finalmente, não é despiciendo recordar o que escrevi também aqui recentemente entre o caminho do Governo e o da oposição face à auditoria ao Novo Banco, tendo em conta o padrão e as vontades divergentes em jogo. É do passado que se falará nesta Comissão, mas é também e essencialmente do presente e do futuro. Para que não se repitam os erros por vontade ou incúria. E para que os portugueses, cidadãos-contribuintes, possam retomar a confiança nas instituições financeiras. Só assim a democracia poderá contrariar o ceticismo de que tem vindo a ser alvo. Por um lado por ataques que lhe são feitos, mas por outro também por displicência e maus tratos que não podem ser permitidos em nenhuma circunstância.

 

 

A incapacidade política de Fernando Medina, que transforma num cego combate político qualquer contributo construtivo quando oriundo do CDS, levou a que esta semana a maioria socialista votasse contra duas propostas construtivas e muito positivas no domínio da mobilidade em Lisboa. Uma associada a regras no uso das trotinetas e a outra para benefício dos passageiros de táxis no Aeroporto e no Terminal de Cruzeiros em Lisboa, esta última redigida após diálogo com as estruturas que representam o setor. Perderam os visitantes da cidade e perderam os Lisboetas. De facto, perdeu também o atual presidente da Câmara, pela sua postura de pouca maturidade democrática, evidenciando continuar a preferir o confronto ao diálogo.