Hoje em dia, o ritmo de transformação e disrupção é cada vez mais acelerado e cresce de forma exponencial. Tecnologias como a Inteligência Artificial, Blockchain, IoT, entre outras, permitem soluções e serviços mais focados nas necessidades individuais de cada um de nós. A ficção científica do final do século XX está cada vez mais perto de se tornar uma realidade nas nossas vidas, com veículos autónomos ou energia limpa e turismo espacial.

Exemplos como a Amazon, Netflix, Uber ou Airbnb, vieram disromper os sectores onde actuam e muito mais depressa do que os optimistas conseguiram prever. Recentemente, a Amazon ultrapassou a fasquia de um bilião de dólares de valorização bolsista, o que atesta a rapidez com que novas empresas escalam de pequenas startups a gigantes incontornáveis.

Ao ritmo exponencial a que as novas tecnologias crescem e são adoptadas, todas as empresas líder podem ver, a qualquer instante, a sua hegemonia ameaçada. Tome-se por exemplo a Blackberry, que afundou à velocidade a que o iPhone singrava.

Hoje em dia, os gestores estão a chegar à conclusão de que gerir já não é suficiente. Cada vez mais, o crescimento dos últimos trimestres não é garantia de sucesso no próximo ano. O paradigma empresarial começa a deixar de ser só gerir, mas também gerar, criar novos negócios, muitas vezes fora do core da empresa. E essa criação de novos negócios nas fronteiras é algo que startups fazem melhor do que corporates.

Gerir ou aprender?

Enquanto um founder de uma startup quer construir um negócio novo, descobrindo nichos por explorar no mercado, e para isso precisa de descobrir e aprender a melhor forma de o fazer, o gestor de uma empresa está focado em gerir pessoas e processos, e em chegar aos melhores resultados de uma forma eficiente.

Aprender e descobrir versus gerir e optimizar. Estas são formas opostas de encarar o risco e de lidar com os erros e falhanços. Enquanto, numa empresa, um director dificilmente vai avançar com um projecto com um factor de risco capaz de colocar em causa a sua posição (ou o seu bónus anual), para um founder lidar com esse risco é o dia-a-dia, e cometer erros e falhar são fases do processo de aprendizagem.

Preparados para inovar em colaboração?

São cada vez mais as grandes empresas e instituições que procuram formas de trabalhar com startups e os exemplos de colaborações de sucesso são frequentes e ambiciosos, sendo em Portugal bem mais de uma centena por ano.

Na área da saúde, a Novartis está a trabalhar com a Uphill num software de treino avançado para médicos que, através da simulação de casos reais, lhes dá as ferramentas de apoio a um diagnóstico precoce de doenças raras e ajuda a perceber em que medida as suas abordagens de tratamento estão de acordo com a evidência científica atual. Ou a Multicare, do Grupo Fidelidade, que está a testar um programa holístico de saúde digital através da plataforma Humanoo, motivando os seus clientes a um estilo de vida saudável e aumentado o seu envolvimento com a marca.

Na área da mobilidade, a Câmara Municipal de Lisboa está a desenvolver, em conjunto com vários parceiros, uma série de pilotos através do programa Smart Open Lisboa, com startups como a Xesol Innovation, que tem uma solução de monitorização de tráfego com recurso a sensores visuais e Inteligência Artificial, ou a e-floater, que disponibiliza uma solução de última milha com micro scooters elétricas partilhadas.

Estas novas formas de colaboração, para além de desbloquearem as principais barreiras com que uma startup se depara no início de actividade, acelerando assim a sua introdução no mercado, vai também levar a um novo paradigma empresarial. Vamos deixar de gerir pessoas e processos dentro de uma fronteira empresarial definida para gerirmos parcerias e negócios que orbitam em torno da nossa empresa e debaixo da nossa marca. Será que está preparado para esta mudança?

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.