“Sound strategy starts with having the right goal.” Michael Porter
A Comissão Europeia acabou de adotar uma nova “Estratégia Farmacêutica para a Europa” cujo propósito central é assegurar que os doentes tenham um melhor acesso a medicamentos inovadores e acessíveis e procurar estimular a competitividade, a capacidade de inovação e a sustentabilidade da indústria farmacêutica da UE. Uma preocupação adicional desta nova estratégia é assegurar que a Europa cubra as suas necessidades farmacêuticas através de cadeias de abastecimento mais robustas, mais centradas na geografia europeia.
Em termos mais concretos, a nova Estratégia Farmacêutica para a Europa assume quatro objetivos específicos:
• Garantir o acesso a medicamentos a preços acessíveis para os pacientes e estimular resposta a necessidades médicas não atendidas (por exemplo, nas áreas da resistência antimicrobiana, na oncologia, nas doenças raras);
• Apoiar a competitividade, inovação e sustentabilidade da indústria farmacêutica da UE e o desenvolvimento de medicamentos de alta qualidade, seguros, eficazes e ecológicos;
• Melhorar os mecanismos de preparação e resposta a crises e abordar a segurança do abastecimento de medicamentos;
• Garantir uma voz forte da UE no mundo, promovendo um elevado nível de padrões de qualidade, eficácia e segurança.
Não obstante a ambição que lhe está subjacente, num quadro recente em que a Europa tem vindo a perder terreno de forma sistemática para os EUA, seria de esperar um maior enfoque desta nova estratégia no reforço da competitividade e na (re)conquista da liderança internacional que pautou a indústria farmacêutica europeia durante décadas. A fragmentação ainda existente no mercado europeu, a insuficiente agressividade dos sistemas de apoio à inovação e a preocupação obsessiva com a sustentabilidade dos sistemas de saúde tem vindo a reduzir a atratividade da União Europeia para novos investimentos na indústria farmacêutica. Numa fase de grande inovação e mudança nas tecnologias farmacológicas, esta realidade poderá colocar definitivamente de lado a possibilidade de a Europa recuperar o seu posicionamento histórico e continuar a ser um player de relevo naquela que é talvez a indústria mais estratégica no mundo.
Apesar disso, as prioridades de aposta em termos de inovação subjacentes à nova estratégia europeia para a indústria farmacêutica são claras, o que constitui um aspeto importante. É, pois, importante perceber de que forma Portugal pode aproveitar de forma efetiva as oportunidades que resultam das apostas próximas que a Europa fará nesta indústria de elevado valor acrescentado e de relevância fundamental para as sociedades. Na EY-Parthenon estamos a trabalhar este tema de forma muito próxima com as principais entidades que a representam no nosso país.