Não é novidade que o mundo está a evoluir para algo que ainda não sabemos o que é,  mas que tem seguramente mais incerteza, imprevisibilidade e instabilidade.

A evolução da tecnologia irá acelerar ainda mais a já frenética criação de soluções que optimizam os processos produtivos ou serviços. No caso do mercado financeiro americano, cerca de 80% das ordens já são automáticas, especificamente através de softwares programados para ler dados, estruturar estratégias de investimento e reagir, sem qualquer intervenção humana. Tal como na introdução do euro, onde as bolsas foram pioneiras dois anos antes da sua entrada em circulação, podemos também antever o que irá acontecer às tarefas rotineiras desempenhadas sem grande valor acrescentado.

Esta transformação, nos próximos cinco anos, irá traduzir-se em alterações estruturais no emprego, no aumento da esperança de vida, com impactos na segurança social que tendencialmente será deficitária e mais dependente da valorização dos activos que tem sobre gestão e das transferências do orçamento do estado.

A única garantia que o Estado poderá dar aos seus cidadãos é a de uma pensão pouco acima da sobrevivência tendo em conta que iremos ter cada vez menos pessoas a trabalhar por cada reformado.

Temos ainda a penalização da classe média, que advirá de uma carga fiscal acrescida, se não directamente através de outros impostos e sob os mais variados pretextos, nomeadamente as alterações climáticas e a sustentabilidade.

Perante estas ameaças torna-se impreterível aumentar o nível da poupança e a forma como nos protegemos quer dos governos, que anseiam pelo consumo e logo poderem cobrar mais impostos, quer dos próprios bancos centrais que, num ataque sem precedentes à classe média, estão a destruir o que Einstein considerou a oitava maravilha do mundo – o efeito capitalização.

Foi a existência do juro, juntamente com a capacidade das famílias de pouparem ano após ano, quer o capital quer os juros, que permitiram a ascensão da classe média e a constituição de fundos suficientes para que o período da reforma pudesse ser passado com menos dificuldades que a geração anterior.

A educação financeira é a única solução para nos protegermos de um futuro incerto, nomeadamente ensinar como escolher os mercados onde investir, quais os melhores fundos de investimento ou os melhores PPR, os melhores sectores, os melhores activos, tendo em conta que foi-nos negado o incentivo à poupança através das taxas de juro garantidas.

Os bancos centrais, em conluio com os políticos, plantaram a semente que irá acabar com a classe média. A oitava maravilha da capitalização desapareceu e com ela o sonho de muitos, de terem uma vida melhor, através do trabalho e da poupança.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.