Existe uma crescente tendência que tem vindo a moldar-se a nível global. Chama-se economia colaborativa e tem evoluído muito nos últimos anos, mas, segundo vários observadores, trata-se de uma área que poderá crescer de forma exponencial durante a próxima década e representar uma verdadeira alteração em áreas da economia tradicional, acompanhando as tendências sociais, tecnológicas e humanas futuras. Só na Europa, de acordo com alguns estudos especializados, pode vir a expandir-se em quase 100 vezes o valor das receitas geradas até 2025, superando os 300 mil milhões de euros.
Mas o que é isto da economia colaborativa ou de partilha? Podemos defini-la assim, de uma forma sintética: é todo o ecossistema socioeconómico que se encontra construído à volta de recursos humanos, físicos e intelectuais. E isto inclui a criação de valor de forma partilhada relativa à produção, distribuição, transação e consumo de bens e serviços por diferentes populações e organizações. Dito assim parece algo distante e pouco empírico, mas se referir empresas como Uber ou Airbnb, fica mais claro do que estamos a falar. São nomes que estão muito próximos do dia a dia dos portugueses e que mesmo aqueles menos habituados à economia digital têm a noção do seu impacto mediático e real no nosso quotidiano. Poucos são os portugueses que não repararam no choque registado no setor dos transportes com a Uber, ao passo que a plataforma Airbnb tem vindo a ter impacto real em cidades como Lisboa, provocando subida de rendas e redução da oferta tradicional de apartamentos, ainda que escalando no aumento significativo do turismo nos últimos anos.
Estes são apenas alguns exemplos de uma nova realidade – a realidade P2P (peer-to-peer) – que tem a vantagem de democratizar a possibilidade de se poder monetizar os recursos que temos em estado ocioso (uma casa, um carro ou outro bem ou serviço), numa lógica que se reveste de um cariz sustentável para a sociedade. E que, neste momento, na Europa, gera receitas em torno dos 3,6 mil milhões de euros, sendo que os principais setores são o Alojamento (32%) e o Transporte (46%). Este valor representa hoje cerca de 3,5 vezes mais, em termos de valor gerado em receitas do que representava em 2013, e poderá registar crescimentos acima de 25% ao ano de acordo com algumas análises, como a da revista Forbes ou a consultora PwC.
Numa época de grandes mudanças ao nível das estruturas empresariais, que trouxeram profundas alterações ao mercado de emprego, a economia de partilha vem trazer uma oportunidade empreendedora, que pode estar acessível de forma simples e escalável para todos – seja como forma de complementar um rendimento, seja como novo segmento de profissões.