Portugal e o mundo estão a viver momentos particularmente desafiantes. O escalar da pandemia pelo novo coronavírus tem levado os diferentes setores económicos a repensar as suas atividades por forma a impedir o vertiginoso aumento de casos de Covid-19 e a mitigar o forte impacto de uma crise que já se tem feito sentir junto das empresas.

No que respeita à área dos pagamentos, também esta tem sofrido as consequências de uma quebra das atividades económicas, sobretudo com a redução das transações em determinados setores, como o turismo.

Perante este cenário, e com o propósito de auxiliar as empresas a equilibrar as suas contas, sobretudo os pequenos negócios, bem como a diminuir o risco de contágio entre colaboradores e clientes, o Governo português apresentou recentemente um conjunto de recomendações a adotar pelas instituições financeiras.

Entre as recomendações anunciadas, destaco a promoção da utilização de meios alternativos ao pagamento com dinheiro. Falo concretamente do aumento do valor limite associado às transações efetuadas através de cartões, smartphones e wearebles com a tecnologia contactless, que até então era de 20 euros.

Esta é de facto uma medida adequada ao atual contexto, uma vez que incentiva a população a reduzir o contacto físico, evitando assim o risco de contágio. Apesar disto, importa destacar que cada cliente deve confirmar com o seu banco se o seu cartão já está atualizado com o novo limite.

Outro cenário que tem ganho dimensão nas últimas semanas em Portugal tem sido as compras online. Diversos negócios portugueses têm registado um crescimento no volume de vendas através de pagamentos online, uma consequência do seu reforço em soluções de e-commerce face às medidas de contingência decretadas pelo Governo português e que implicam o encerramento temporário de estabelecimentos ou a redução das atividades dos negócios.

Contudo, é importante percebermos que este é um contexto que levanta duas questões bastante pertinentes.

A primeira prende-se com o facto de, apesar de diversas empresas conseguirem apoiar-se em soluções de e-commerce já implementadas por si no passado, muitos outros negócios não apresentam condições para suportar estas opções de pagamento, e por isso é importante que os stakeholders assumam um papel ativo no apoio destas mesmas empresas.

Uma segunda questão respeita à necessidade de reforçar a segurança das transações. A realidade atual tem levado a um aumento do cibercrime junto da população e das próprias empresas, tendo já a Polícia Judiciária e o Gabinete Cibercrime da Procuradoria-Geral da República alertado para diversos esquemas, o que torna crucial que os acquirers reforcem a monitorização da segurança ao nível do processamento dos pagamentos.

Perante o contexto que vivemos, é certo que a capacidade de resposta das empresas terá um papel determinante na mitigação do impacto da pandemia na economia, e esse caminho passa inevitavelmente pelo digital. Contudo, é preciso apoiar as empresas a dar os primeiros passos nesse processo de transição digital, e incentivá-las a apostar mais na inovação.